Percebendo a Presença de Deus
A
presença de Deus é extremamente difícil de definir. Na ver-dade é impossível
defini-la. Como pode um ser humano definir aquela experiência indescritível que
chamamos a presença de Deus? Quando nós realmente experimen-tamos a presença de
Deus nada mais podemos dizer além de repetir as palavras de Jacó em Betel:
“Certamente o Senhor estava neste lugar.”
Embora
não possamos definir a presença de Deus, uma pessoa sensível que busca a Deus
saberá discernir quando a presença de Deus está presente e também quando aquela
presença está ausente. Um dos problemas básicos hoje em dia é que a maioria dos
cristãos vive e acostuma-se num nível espiritual tão baixo que já deixaram de
discernir a presença ou ausência de Deus. Temos vivido sem essa presença por
tanto tempo que já começamos a aceitá-lo como norma, e aquilo que é chamada a
presença de Deus é uma avaliação distorcida de um povo que está longe do toque
de Deus.
No
seu excelente livro, Revival (Reavivamento), o Rev.Brian Edwards escreve
um parágrafo muito profundo - “Tenho estado em igrejas com tanta atividade,
entusiasmo e dons que até os anjos sentiriam inveja, no entanto tinham que
fazer apelos para que mais pessoas participassem das reuniões de oração. Tenho
estado em igrejas com bastante música e movimento, e também em igrejas que
tinham aquele silêncio profundo e solene.
Contudo nenhuma delas exibiu a percepção da presença de Deus.”
Este
estado de coisas esboçado por Brian Edwards é ainda mais triste e sério porque
temos uma geração inteira crescendo no meio de atividades e ambientes
religiosos, mas que nunca realmente sentiram ou experimentaram de forma
autêntica ou pessoal a preciosidade da presença de Deus.
Reavivamentos
passados
No reavivamento do País de Gales em 1904,
perto da cidade de Gorseinon, uma reunião continuou noite adentro. Um mineiro, endurecido, alma sem Deus,
voltando do seu turno de trabalho cerca das 4 horas da madrugada, viu uma luz
na igreja e decidiu investigar. Tão logo
ele abriu a porta, foi totalmente envolvido por um poderoso senso da presença
de Deus. Ouviram-no exclamar: “Oh! Deus está aqui!” Ele estava com medo de
entrar e com mais medo de sair, e lá no limiar daquela porta da igreja começou
a obra de salvação no seu coração.
Durante o grande avivamento americano de 1858
os navios, à medida que se aproximavam dos portos americanos, pareciam entrar
numa zona da presença de Deus e da influência do Espírito. Navio após navio
chegava com a mesma história de súbita convicção e conversão à medida que se
aproximavam da costa americana.
Durante o reavivamento em Northampton,
Massachusets em 1753, Jonathan Edwards escreveu: “A cidade parecia estar cheia
da presença de Deus.” Quando Duncan Campbell foi indagado a respeito do evento
mais importante do reavivamento Lewis nos anos 1949-1953, ele respondeu: “Uma
consciência convicta da presença de Deus.”
Escrevendo em “One Divine Moment: The Asbury
Revival” (“Um Momento Divino: o Reavivamento Asbury”) Howard Anke, Professor de Bíblia do Colégio
Asbury (Wilmore, Kentucky), descreve o
avivamento no Asbury College em 1970: “Não há nenhum vocabulário humano que
possa captar a dimensão total de um momento divino. Às vezes ele se parece com um sonho e contudo
aconteceu de verdade. Nós o vimos com os nossos próprios olhos. De uma forma
que seria impossível de se descrever, Deus estava em nosso meio. Aqueles de nós
que lá estavam jamais poderíamos contemplar as coisas deste mundo do mesmo modo
anterior.”
Uma
Questão
Ocasiões tais como
estas ilustrações são maravilhosas e extraordinárias e são momentos quando
podemos esperar uma sensação profunda da presença de Deus, ou, talvez uma
percepção mais elevada da presença de Deus. O que me preocupa é uma aparente
ausência da presença de Deus na maioria das nossas vidas e atividades normais
como cristãos.
Embora não possamos viver sempre numa atmosfera de
reavivamento quando a presença de Deus é muito real, nós certamente podemos
sentir Deus no nosso meio numa certa medida sempre que nos reunimos em Seu
nome. Não nos prometeu Deus: “Quando dois ou três estiverem reunidos em Meu
nome, estarei no meio deles”? (Mateus 18.20).
Se
Deus prometeu estar no meio do Seu povo quando eles se reunissem em Seu nome,
por que é que temos tantas reuniões e cultos de adoração sem realmente sentir
que Deus estava presente em poder e glória? As respostas a esta pergunta são
muitas e variadas. A falha certamente não está em Deus porque Ele é fiel aos
seus compromissos de aliança e às suas promessas.
A
presença de Deus em nosso meio é muito mais importante e desejável do que
audiências recordes, belos edifícios ou a presença de uma personalidade ou
pregador importante. Nada, absoluta-mente nada, se compara com o privilégio, o
gozo e a bênção da presença de Deus em nosso meio quando nos reunimos para
adorá-lo.
Razões
Uma
das razões para a ausência da presença de Deus em nosso meio é, tristemente,
que Ele tem sido ofendido pelo mesmo povo que procura adorá-lo. A
facilidade com que os cristãos brigam, discutem e discordam indica claramente
ou que estão inconscientes do fato de que o Espírito de Deus pode ser ofendido,
ou simplesmente não ligam para isto. É um momento extremamente triste quando
Deus se afasta porque nós o ofendemos pelo nosso pecado.
Há
alguns anos atrás eu preguei numa igreja onde a presença de Deus era muito real
e profundamente percebida. Recentemente
retornei àquela mesma congregação mas senti muito claramente a ausência do
Espírito de Deus. Quando perguntaram-me
sobre como me senti durante a pregação, tive que admitir que aparentemente Deus
havia se retirado daquele lugar. Icabode
- “foi-se a glória de Deus” - poderia ser escrito em letras bem grandes em tais
lugares.
O
espírito do mundo sempre rouba de nós o senso da presença de Deus. Deus
não vai tornar real a sua presença no meio de um povo cuja prioridade não é a
Sua honra e a Sua glória. “A amizade do mundo é inimizade contra Deus” (Tiago
4.4). Quando Deus está em inimizade
conosco, Sua presença é totalmente ine-xistente. Este espírito mundano é tão forte entre o
povo de Deus, que como resultado disto, Deus não é percebido, e muito mais
trágico, nem se sente a Sua falta.
Faríamos
bem em lembrar a sabedoria que veio da pena de C.H.Spurgeon: “Aquele que traz o
odor do mal deve esperar o olhar desaprovador de Deus.” É melhor ter o mundo
inteiro contra você do que trocar a presença de Deus pelo amor do mundo. O
materialismo do mundo faz com que a Igreja Cristã se sinta auto-suficiente e
naquela cômoda auto-suficiência não nos sentimos mais inclinados a buscar a
percepção da Sua presença. Será que Deus está dizendo de nós: “Efraim juntou-se
aos ídolos: deixa-o sozinho”? (Oséias 4.17).
Fracasso
em nos prepararmos para adoração espiritual
é uma outra razão porque não sentimos a presença de Deus. Dormimos até muito tarde e comemos bastante
nos dias atuais, e o tempo para uma preparação espiritual do nosso próprio
coração para a presença de Deus é um troféu a ser conquistado. Do meio do redemoinho de tantas atividades
neces-sárias, corremos para a casa de Deus e geralmente chegamos
atrasados. Atraso indica uma consciência
relaxada e quantos de nós somos culpados disto!
Se a realeza (a corte da rainha) estivesse presente conosco no culto de
adoração no Dia do Senhor, com certeza estaríamos bem preparados, chega-ríamos
mais cedo e ocuparíamos os lugares da frente.
Por que é que não fazemos isto quando o Senhor dos senhores e Rei dos
reis é o nosso convi-dado de honra?
Pessoas
que são negligentes na preparação do coração e da alma para a presença de Deus
geralmente são pessoas que na verdade não esperam sentir a presença de Deus de
modo nenhum. A sua religião é tão formal
e rotineira que sentir a presença de Deus não é uma questão importante para elas.
Já se acomodaram aos meros enfeites do cristianismo e parecem estar contentes
sem qualquer tipo de consciência da Presença Divina.
A Solução
Não é verdade que nós, freqüen-temente
andamos de uma reunião para outra sem jamais buscar ou sentir a presença de
Deus entre nós? A única coisa significativa na nossa religião ou na nossa
atividade religiosa é a ausência da presença de Deus. Nós vamos ao lugar santo e voltamos de lá, e
o único fato evidente é que Deus não está presente em poder e realidade.
Quaisquer que sejam as razões que possamos dar
para a ausência da presença de Deus, e são muitas, a principal razão é o pecado de uma forma ou
de outra, e este precisa ser tratado antes que possamos experimentar de novo
aquela sensação profunda da presença de Deus se movendo entre nós.
Imagine a diferença que faria na sua igreja
ou na minha se em algum domingo Jesus entrasse pelo corredor e se sentasse num
banco bem na frente. Isto traria uma atmosfera santa no nosso culto e seria uma
experiência que nós nunca esqueceríamos.
É muito difícil que isto aconteça.
Entretanto nós podemos experimentar a Sua presença tão real como se Ele
estivesse sentado mesmo no banco da frente, mas teríamos que tratar com o
pecado que afastou a Sua presença de nós, tanto individual como coletivamente.
Façamos com seriedade esta pergunta: “ O
que aconteceu com a presença de Deus?”
“Volta, Volta doce Espírito Santo !
Ó mensageiro suave do consolo.
Odeio o pecado que te trouxe pranto
E que
te afastou tanto do meu colo.”
De LIFE INDEED (VIDA
DE VERDADE)
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