MULTIPLICAR A VIDA
Saboreio tempo, coisas e pessoas. Debulhar a existência me é avassalador e delicioso ao mesmo tempo.
Comovido, persigo essa aventura chamada viver.
Os altruístas me humilham, os sábios me convocam ao saber, os artistas me animam rumo ao belo.
Me quedo diante da fertilidade criativa de autores, poetas e escultores.
Nós, humanos, permanecemos fonte inesgotável de criatividade: as bibliotecas, um dia, não caberão com tantos livros, e o Louvre carecerá de mais anexos.
Ah se pudesse, viveria por mais de um século. Testemunharia novos inventos, assistiria aos feitos extraordinários da ciência.
Conseguimos, apesar de nós mesmos, desdobrar o futuro. O porvir, semeado hoje pode vir a ser no que sonharam os profetas. Amo a vida por notar que o previsível não é inexorável.
A maturidade me ensinou que os espertos e os poderosos, por mais que tentem, não conseguirão regular as engrenagens do dia a dia.
O insólito também faz parte de nossa estrada. Não há como fugir do perigo de existir, mesmo que o sofrimento humano tenha se universalizado.
Contudo, não me resigno.
Se sofro angústias não minhas, procuro ser companheiro de quem ainda não desistiu.
A vocação divina de fazer com que justiça e paz deem a mão continua de pé.
(escrito por Ricardo Gondim)
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