terça-feira, 2 de março de 2021

A INVEJA

 



A INVEJA

 “Inveja”. É similar a “ciúme” , mas não exatamente a mesma coisa. Ciúme é mais direcionado a uma pessoa, enquanto inveja é mais direcionado a possessões, posições ou aquilo que alguém tenha.

Embora todas essas obras da carne são, em certo nível, interligadas e sobrepostas, o apóstolo listou-as separadamente por uma razão óbvia e, então, tal como o apóstolo, devemos enxergá-las em suas distintas características.

Assim como o ciúme, inveja é uma das mais mortais dessas maléficas obras, pois como podemos ver até Jesus foi crucificado por causa da inveja (veja Mateus 27:18; Marcos 15:10). Os fariseus e os saduceus tinham inveja das grandes multidões que seguiam ao Senhor. É nessa mesma área que muitas divisões e conflitos começam no corpo de Cristo. Quando uma igreja num lugar começa a crescer ou prosperar ou uma unção ou graça especial vem sobre eles, a história da igreja consistentemente mostra que resultará em perseguição de outras igrejas e outros líderes de igrejas. Essa é uma armadilha mortal na qual muitos líderes têm estado dispostos a cair tal como os líderes de Israel no primeiro século.

A inveja pode ser uma das mais destrutivas de todas as obras da carne, pois frequentemente afeta líderes de igrejas, que por sua vez infectam seus seguidores, corrompe a muitos, trazendo inimizades e divisões devastadoras na igreja. Tais líderes irão sempre dizer que é por proteção das ovelhas ou defesa da verdade, mas ao Senhor não se engana e nós tampouco deveríamos permitir enganar. Tanto ciúme como inveja, serão encontrados na raiz de praticamente toda divisão no corpo de Cristo. Precisamos aprender a reconhecer esses males quando se erguerem em nossos corações ou naqueles que aceitamos como líderes.

Como o Senhor disse na parábola das ovelhas e dos bodes em Mateus 25:40,

“Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes”.Conseqüentemente, se temos ciúmes ou inveja de qualquer pessoa de Seu povo e de igual modo os perseguimos, nós, na verdade, estamos sendo invejosos do próprio Senhor e perseguindo a Ele. A forma como tratamos Seu povo, até os “mais pequeninos” deles é a forma como tratamos o Senhor.

Uma das mais trágicas formas que a inveja se manifestou na história da igreja tem sido a forma como a geração passada tende a perseguir a geração emergente ao invés de abençoá-los e ajudá-los a preparar-se para seus propósitos. Tal como o rei Saul se tornou invejoso de Davi, aqueles que estão inseguros em suas posições serão ameaçados por qualquer novo movimento ou ministério que se levante e, geralmente, ataca-os. Isso tem se repetido em praticamente toda geração espiritual até hoje.

A pior maldição que tomou lugar em Israel foi terem abandonado ao Senhor, e devorar seus próprios jovens. Não é exatamente isso o que acontece a quase toda geração na história da igreja, quando, por um período de tempo, a maior ameaça à vida dos líderes emergentes eram seus próprios pais espirituais?

Uma forma comum de orgulho que costuma vir sobre aqueles que são usados poderosamente pelo Senhor é fazer com que pensem que se o Senhor deseja fazer qualquer coisa grande sobre a Terra, Ele certamente os chamaria primeiro. Muitos grandes líderes têm caído nesse orgulho que, na verdade, os desqualifica para que no futuro sejam usados pelo Senhor. A partir do momento que eles crerem que são os melhores candidatos para o cumprimento de qualquer grande propósito do Senhor, eles não poderão considerar que nada que vier através de outros será vindo do Senhor. Consequentemente os rejeitarão e, frequentemente, os perseguirão.

Haverá um tempo onde o coração dos pais e dos filhos estarão unidos. Então saberemos que o fim dessa Era realmente está no fim, tal como vemos no último capítulo de Malaquias. Até lá, precisamos entender que aqueles que se levantam com uma unção ou graça especial para liderar uma nova igreja ou movimento irão quase que certamente ser atacados e muito provavelmente pela atual liderança da igreja.

Como ministros nós, também fomos sujeitos a isso muito frequentemente e temos aprendido a esperar por isso em toda nova cidade ou situação que entramos para fazer a obra do Senhor. Nem todos os líderes agirão assim, mas aprendemos a contar que alguns o farão. Quando nos mudamos para Charlote fomos bem recebidos por quase todos até começarmos a atrair um grande número de pessoas. Então alguns começaram a nos atacar e à medida que crescíamos o ataque crescia junto.

Entretanto, muitos, se não a maioria dos líderes de igreja em Charlote, nos abençoaram quando viemos e continuam nos abençoando, ajudando, dando suporte, até mesmo aqueles que tinham alguns dos seus vindo para nossa igreja. Isso foi um dos grandes exemplos da verdadeira nobreza e liderança cristã que testemunhei e é uma grande inspiração. Passei a confiar nestes como confio a poucos outros. Eu creio que muito do fruto de nosso ministério deve ser creditado a eles. Quando eles nos procuram com uma palavra de conselho ou correção nós ouvimos porque sabemos que eles têm nossos melhores interesses no coração. Esses são aqueles que vemos como verdadeiros anciãos na nossa cidade.

Uma razão pela qual eu estudei por muito tempo esse problema específico na igreja é porque eu mesmo não quero cair nisso. Entendimento é luz e quando seu caminho é iluminado você evitará tropeçar. Ainda assim, atualmente eu não fui testado da forma como outros foram e não sei como reagiria a isso. Espero que eu faça bem e tente suavemente passar o bastão quando for o tempo. Contudo, uma característica que eu vejo que leva ao tropeço é pensar que isso não irá acontecer conosco porque nós entendemos isso. O entendimento ajuda, mas precisamos sempre manter em mente a exortação: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não caia” (I Coríntios 10:12).

Eu passei também a crer que muitos vivam bem a vida inteira e que caem nisso perto de morrerem é simplesmente porque eles não tinham sido curados das aflições que outros trouxeram sobre ele – o que é meramente a falha no perdoar. Falta de perdão leva a amargura e a amargura irá corromper ou envenenar a muitos outros. Pois como um ministro e eu pessoalmente, somos atacados continuamente por alguém, temos que pregar, ensinar e praticar o perdão continuamente. Isso é duro, mas é, também, nossa melhor oportunidade de sermos transformados à imagem do Senhor.

Temos um pastor na região de Charlote que parece fazer da vida dele nos atacar. Uma vez enquanto eu ouvia a sua transmissão de rádio e ele dizia muitas coisas que não eram verdade sobre nós (e algumas que eram verdade), perguntei ao Senhor se Ele pararia aquele homem. O Senhor instantaneamente me respondeu, “Sim, mas quem você quer que tome o lugar dele?” Eu entendi o ponto e me alegrei em deixar esse homem nos atacando por muitos anos. Eu penso que isso irá continuar através dele e outros até que nós tenhamos tomado à forma da imagem do Senhor que entregou Sua própria vida por cada um daqueles que O torturou. Desde que obviamente estejamos muito longe de sermos como Ele, minha expectativa é que isso continue talvez dure enquanto estivermos aqui.

Uma outra forma pra tentarmos combater essa tendência a ser invejoso ou ciumento de outros é, dar posições de autoridade em nosso ministério somente aqueles que mostram uma devoção genuína para equipar e levantar a outros. Uma das principais coisas que procuro em líderes é a alegria nos seus rostos quando algum dos seus vão bem. Todos nossos líderes chaves tendem a se empolgar mais quando alguém que eles treinaram, são grandemente usados por Deus do que quando eles mesmos são usados por Deus. Esses são os verdadeiros pais e mães espirituais que merecem a “dupla honra”.

Quando o apóstolo Paulo observou que temos muitos mestres, mas não muitos pais, eu penso o mesmo e isso permanece verdadeiro (veja I Coríntios 4:15). Nós tendemos a chamar de pais espirituais aqueles que são mais velhos e experientes, mas ser um pai não tem nada a ver com idade ou experiência na mesma proporção que isso tem a ver com habilidade para reproduzir. Assim como no natural muitos se tornam pais quando são jovens, os verdadeiros ministérios de equipamento listado em Efésios 4 podem ser também completamente jovens. Existem muitos que ministram bem, mas que raramente treinam e equipam a outros. Devemos questionar se por acaso tais são realmente dos ministérios de equipamento listados em Efésios 4, pois se o forem seu propósito primário é equipar a outros para fazer a obra do ministério.

Nós começaremos a levar a sério o chamado para equipar a outros quando soubermos que essa será a única forma que a igreja poderá alcançar “a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, a medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4:13).

Eu tento manter isso como foco da minha vida para que como recompensa do sucesso nessa vida seja, ouvir o Senhor dizer no grande dia “muito bem servo bom e fiel” (Mateus 25:21). Como pastor eu compreendo, também, que para eu ouvir essas grandes palavras, preciso fazer tudo que puder para garantir que todos que o Senhor confiou aos meus cuidados possam ouvir essas mesmas palavras. Logo eu preciso manter em mente que minha esperança de sucesso é o sucesso daqueles que são parte de nosso ministério ou membros de nossas igrejas. Por causa disso sou compelido a medir meu próprio trabalho pelo Senhor através de quão bem outros estão indo para cumprir seu propósito. Eu sei que quando isso deixar de ser um valor base no ministério, nós teremos perdido o foco do propósito base que temos.

Se de fato enxergarmos como medida base de nosso sucesso o crescimento de unção e sucesso daqueles que treinamos, será muito mais difícil de termos inveja deles. Por isso creio que João Batista é um dos grandes exemplos da verdadeira liderança divina. Todo seu trabalho foi apontar para Jesus e preparar o caminho para Ele, não apenas construir seu próprio. Ele soube o tempo todo que Aquele que vinha após ele era muito maior e considerada a si mesmo indigno de atar Suas sandálias. Então, quando o Ungido veio ele se alegrou ao ouvir Sua voz, sendo um verdadeiro amigo do noivo e se alegrou ao  diminuir enquanto Ele crescia. Por essa razão, João foi honrado pelo Senhor sendo chamado o maior dos homens nascido de mulher. Tal verdadeira nobreza de espírito é a marca daqueles que são os maiores.

Jônatas C. Damasceno

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