A INVEJA
“Inveja”. É similar a “ciúme” , mas não exatamente
a mesma coisa. Ciúme é mais direcionado a uma pessoa, enquanto inveja é mais
direcionado a possessões, posições ou aquilo que alguém tenha.
Embora todas
essas obras da carne são, em certo nível, interligadas e sobrepostas, o
apóstolo listou-as separadamente por uma razão óbvia e, então, tal como o
apóstolo, devemos enxergá-las em suas distintas características.
Assim como o
ciúme, inveja é uma das mais mortais dessas maléficas obras, pois como podemos
ver até Jesus foi crucificado por causa da inveja (veja Mateus 27:18; Marcos
15:10). Os fariseus e os saduceus tinham inveja das grandes multidões que
seguiam ao Senhor. É nessa mesma área que muitas divisões e conflitos começam
no corpo de Cristo. Quando uma igreja num lugar começa a crescer ou prosperar
ou uma unção ou graça especial vem sobre eles, a história da igreja
consistentemente mostra que resultará em perseguição de outras igrejas e outros
líderes de igrejas. Essa é uma armadilha mortal na qual muitos líderes têm
estado dispostos a cair tal como os líderes de Israel no primeiro século.
A inveja pode
ser uma das mais destrutivas de todas as obras da carne, pois frequentemente
afeta líderes de igrejas, que por sua vez infectam seus seguidores, corrompe a
muitos, trazendo inimizades e divisões devastadoras na igreja. Tais líderes
irão sempre dizer que é por proteção das ovelhas ou defesa da verdade, mas ao
Senhor não se engana e nós tampouco deveríamos permitir enganar. Tanto ciúme
como inveja, serão encontrados na raiz de praticamente toda divisão no corpo de
Cristo. Precisamos aprender a reconhecer esses males quando se erguerem em
nossos corações ou naqueles que aceitamos como líderes.
Como o Senhor
disse na parábola das ovelhas e dos bodes em Mateus 25:40,
“Em
verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais
pequeninos, a mim o fizestes”.Conseqüentemente, se temos ciúmes ou inveja
de qualquer pessoa de Seu povo e de igual modo os perseguimos, nós, na verdade,
estamos sendo invejosos do próprio Senhor e perseguindo a Ele. A forma como
tratamos Seu povo, até os “mais pequeninos” deles é a forma como
tratamos o Senhor.
Uma das mais
trágicas formas que a inveja se manifestou na história da igreja tem sido a
forma como a geração passada tende a perseguir a geração emergente ao invés de
abençoá-los e ajudá-los a preparar-se para seus propósitos. Tal como o rei Saul
se tornou invejoso de Davi, aqueles que estão inseguros em suas posições serão
ameaçados por qualquer novo movimento ou ministério que se levante e,
geralmente, ataca-os. Isso tem se repetido em praticamente toda geração
espiritual até hoje.
A pior
maldição que tomou lugar em Israel foi terem abandonado ao Senhor, e devorar
seus próprios jovens. Não é exatamente isso o que acontece a quase toda geração
na história da igreja, quando, por um período de tempo, a maior ameaça à vida
dos líderes emergentes eram seus próprios pais espirituais?
Uma forma
comum de orgulho que costuma vir sobre aqueles que são usados poderosamente
pelo Senhor é fazer com que pensem que se o Senhor deseja fazer qualquer coisa
grande sobre a Terra, Ele certamente os chamaria primeiro. Muitos grandes
líderes têm caído nesse orgulho que, na verdade, os desqualifica para que no
futuro sejam usados pelo Senhor. A partir do momento que eles crerem que são os
melhores candidatos para o cumprimento de qualquer grande propósito do Senhor,
eles não poderão considerar que nada que vier através de outros será vindo do
Senhor. Consequentemente os rejeitarão e, frequentemente, os perseguirão.
Haverá um
tempo onde o coração dos pais e dos filhos estarão unidos. Então saberemos que
o fim dessa Era realmente está no fim, tal como vemos no último capítulo de
Malaquias. Até lá, precisamos entender que aqueles que se levantam com uma
unção ou graça especial para liderar uma nova igreja ou movimento irão quase
que certamente ser atacados e muito provavelmente pela atual liderança da
igreja.
Como
ministros nós, também fomos sujeitos a isso muito frequentemente e temos
aprendido a esperar por isso em toda nova cidade ou situação que entramos para
fazer a obra do Senhor. Nem todos os líderes agirão assim, mas aprendemos a
contar que alguns o farão. Quando nos mudamos para Charlote fomos bem recebidos
por quase todos até começarmos a atrair um grande número de pessoas. Então
alguns começaram a nos atacar e à medida que crescíamos o ataque crescia junto.
Entretanto,
muitos, se não a maioria dos líderes de igreja em Charlote, nos abençoaram
quando viemos e continuam nos abençoando, ajudando, dando suporte, até mesmo
aqueles que tinham alguns dos seus vindo para nossa igreja. Isso foi um dos
grandes exemplos da verdadeira nobreza e liderança cristã que testemunhei e é
uma grande inspiração. Passei a confiar nestes como confio a poucos outros. Eu
creio que muito do fruto de nosso ministério deve ser creditado a eles. Quando
eles nos procuram com uma palavra de conselho ou correção nós ouvimos porque
sabemos que eles têm nossos melhores interesses no coração. Esses são aqueles
que vemos como verdadeiros anciãos na nossa cidade.
Uma razão
pela qual eu estudei por muito tempo esse problema específico na igreja é
porque eu mesmo não quero cair nisso. Entendimento é luz e quando seu caminho é
iluminado você evitará tropeçar. Ainda assim, atualmente eu não fui testado da
forma como outros foram e não sei como reagiria a isso. Espero que eu faça bem
e tente suavemente passar o bastão quando for o tempo. Contudo, uma
característica que eu vejo que leva ao tropeço é pensar que isso não irá
acontecer conosco porque nós entendemos isso. O entendimento ajuda, mas
precisamos sempre manter em mente a exortação: “Aquele, pois, que pensa
estar em pé, olhe não caia” (I Coríntios 10:12).
Eu passei
também a crer que muitos vivam bem a vida inteira e que caem nisso perto de
morrerem é simplesmente porque eles não tinham sido curados das aflições que
outros trouxeram sobre ele – o que é meramente a falha no perdoar. Falta de
perdão leva a amargura e a amargura irá corromper ou envenenar a muitos outros.
Pois como um ministro e eu pessoalmente, somos atacados continuamente por
alguém, temos que pregar, ensinar e praticar o perdão continuamente. Isso é
duro, mas é, também, nossa melhor oportunidade de sermos transformados à imagem
do Senhor.
Temos um
pastor na região de Charlote que parece fazer da vida dele nos atacar. Uma vez
enquanto eu ouvia a sua transmissão de rádio e ele dizia muitas coisas que não
eram verdade sobre nós (e algumas que eram verdade), perguntei ao Senhor se Ele
pararia aquele homem. O Senhor instantaneamente me respondeu, “Sim, mas quem
você quer que tome o lugar dele?” Eu entendi o ponto e me alegrei em deixar
esse homem nos atacando por muitos anos. Eu penso que isso irá continuar
através dele e outros até que nós tenhamos tomado à forma da imagem do Senhor
que entregou Sua própria vida por cada um daqueles que O torturou. Desde que
obviamente estejamos muito longe de sermos como Ele, minha expectativa é que
isso continue talvez dure enquanto estivermos aqui.
Uma outra
forma pra tentarmos combater essa tendência a ser invejoso ou ciumento de
outros é, dar posições de autoridade em nosso ministério somente aqueles que
mostram uma devoção genuína para equipar e levantar a outros. Uma das
principais coisas que procuro em líderes é a alegria nos seus rostos quando
algum dos seus vão bem. Todos nossos líderes chaves tendem a se empolgar mais
quando alguém que eles treinaram, são grandemente usados por Deus do que quando
eles mesmos são usados por Deus. Esses são os verdadeiros pais e mães
espirituais que merecem a “dupla honra”.
Quando o
apóstolo Paulo observou que temos muitos mestres, mas não muitos pais, eu penso
o mesmo e isso permanece verdadeiro (veja I Coríntios 4:15). Nós tendemos a
chamar de pais espirituais aqueles que são mais velhos e experientes, mas ser
um pai não tem nada a ver com idade ou experiência na mesma proporção que isso
tem a ver com habilidade para reproduzir. Assim como no natural muitos se
tornam pais quando são jovens, os verdadeiros ministérios de equipamento
listado em Efésios 4 podem ser também completamente jovens. Existem muitos que
ministram bem, mas que raramente treinam e equipam a outros. Devemos questionar
se por acaso tais são realmente dos ministérios de equipamento listados em
Efésios 4, pois se o forem seu propósito primário é equipar a outros para fazer
a obra do ministério.
Nós
começaremos a levar a sério o chamado para equipar a outros quando soubermos
que essa será a única forma que a igreja poderá alcançar “a unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, a medida da estatura
da plenitude de Cristo” (Efésios 4:13).
Eu tento
manter isso como foco da minha vida para que como recompensa do sucesso nessa
vida seja, ouvir o Senhor dizer no grande dia “muito bem servo bom e fiel”
(Mateus 25:21).
Como pastor eu compreendo, também, que para eu ouvir essas grandes palavras,
preciso fazer tudo que puder para garantir que todos que o Senhor confiou aos
meus cuidados possam ouvir essas mesmas palavras. Logo eu preciso manter em
mente que minha esperança de sucesso é o sucesso daqueles que são parte de
nosso ministério ou membros de nossas igrejas. Por causa disso sou compelido a
medir meu próprio trabalho pelo Senhor através de quão bem outros estão indo
para cumprir seu propósito. Eu sei que quando isso deixar de ser um valor base
no ministério, nós teremos perdido o foco do propósito base que temos.
Se de fato
enxergarmos como medida base de nosso sucesso o crescimento de unção e sucesso
daqueles que treinamos, será muito mais difícil de termos inveja deles. Por
isso creio que João Batista é um dos grandes exemplos da verdadeira liderança
divina. Todo seu trabalho foi apontar para Jesus e preparar o caminho para Ele,
não apenas construir seu próprio. Ele soube o tempo todo que Aquele que vinha
após ele era muito maior e considerada a si mesmo indigno de atar Suas sandálias.
Então, quando o Ungido veio ele se alegrou ao ouvir Sua voz, sendo um
verdadeiro amigo do noivo e se alegrou ao
diminuir enquanto Ele crescia. Por essa razão, João foi honrado pelo
Senhor sendo chamado o maior dos homens nascido de mulher. Tal verdadeira
nobreza de espírito é a marca daqueles que são os maiores.
Jônatas C. Damasceno
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