quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Caro, porém gratuito

 

Caro, porém gratuito

 "Esmola grande até cego desconfia". Ditado que fala da raridade em alguém receber gratuitamente algo de grande valor. Esmola pequena, todo mundo dá. Une o útil ao agradável: alivia a consciência e não faz falta. Mas quando está envolvido um valor que pesa no bolso, a coisa muda de figura. Interesses entram em jogo. "Posso dar, sim. Mas o que vou receber em contrapartida?"
Em princípio, ninguém dá nada de valor a ninguém. Lavoisier poderia até ser parodiado em seu
famoso princípio: "Nesta vida, nada se dá, nada se recebe, tudo se negocia”. As grandes doações geralmente têm em vista o abatimento no imposto de renda, a lucrativa amizade dos poderosos e outras intenções, excluindo-se, é claro, os propalados gestos humanitários. Mas, tudo bem. Cada um faz com o seu dinheiro o que bem entender. Alguns estão acostumados a usá-lo até para comprar a "dignidade" e o respeito da sociedade. Pois é, tem muita coisa à venda por aí...
E é com essa mentalidade formada, que muitos partem para a mais ousada das empreitadas: comprar a própria salvação. Não sabem ao certo o que esse salvação significa ou a razão da sua necessidade. Mas, isso não é problema. Infelizmente a vida é muito corrida, não há tempo suficiente para um exame mais profundo sobre o assunto, tempo é dinheiro, o importante é não vacilar e investir nessa área, garantindo logo um lugar no céu ("Se é que esse lugar existe", como devem pensar uns). E pronto. Assunto resolvido, Afinal de contas, quem paga pode exigir, tem direito.
Ainda mais quando o pagamento é adiantado!
Ironia? Não, meu amigo. Esta é a situação de milhões de pessoas que, talvez até inconscientemente, tratam a salvação como um mero produto de consumo. Chocante? Concordo. Mas é a realidade. E é aí onde entram as esmolas e as doações de caridade.
Certa vez eu assistí o assessor de um rico empresário chamar a sua secretária e mandá-la destinar mensalmente, por ordem do chefe, uma soma altíssima para uma entidade filantrópica, Quando a moça saiu, ele comentou comigo sobre o patrão: "Ele faz horrores nos negócios e agora pensa que vai comprar a entrada no céu, dando dinheiro para os pobres!"
Não tenho nada contra esmolas e doações. Ao contrário. A Bíblia recomenda que se ajude os mais necessitados. Os orfanatos, casas de misericórdia e asilos são instituições de alto valor humano-social e merecem ser ajudados. O problema é o propósito que leva a pessoa a doar. Se
fosse a pura e simples compaixão pelo próximo, tudo bem. Mas, na maioria das vezes, o motivo é egocêntrico. E a doação tem a finalidade de beneficiar a si próprio. Ou aliviando a consciência
carregada ou dando uma sensação de conquista, por ter feito mais uma boa ação que, somada a outras, lhe dará direito a uma absolvição final.
Infeliz propósito. Jamais será alcançado. Essa idéia de ganhar a salvação através de boas obras, de merecimento próprio, é contrária à Bíblia: Basta citar o seguinte: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef. 2.8.-9).
Além de afirmar textualmente que a salvação não vem pelas obras, esse trecho ainda diz porque: para que ninguém se glorie! Ninguém vai chegar no céu mostrando orgulhosamente um recibo de boas obras. O homem quer conquistar e dominar tudo. E até que tem conseguido grandes coisas.
Mas existe algo que nenhum homem na face desta terra terá o prazer: afirmar "eu comprei à minha própria salvação".
A salvação foi adquirida exclusivamente par uma Pessoa, o Senhor Jesus Cristo. E não com dinheiro vil, mas com o Seu próprio sangue, de valor infinito. Para gozar essa salvação basta ter fé, crer, aceitar para si o sacrifício de Cristo. Ora, tudo isso é de graça! Não adianta querer desembolsar nada. Todos os bens deste mundo, seja dinheiro, ouro, imóveis, títulos, ações, fazenda, gado, tudo junto, não conseguiria comprar a vida eterna de uma só pessoa.
Imagine um pai presentear o filho com uma bicicleta cara, último modelo, e assistir o menino puxando do bolso uma moeda de cinco centavos e dizer: "Pronto, papai, aqui está o pagamento".
Patético. Por parte do garoto, uma mistura de ingratidão, ingenuidade e orgulho; por parte do pai, certamente muita tristeza.
Da próxima vez que você for dar uma pequena esmola, ou uma grande doação, apenas agradeça a Deus pela oportunidade de ser útil a alguém. Mas nunca pense que aquilo vai ajudar a pagar uma salvação que o Senhor Jesus já pagou. E que, para ser sua, basta somente você recebê-la com arrependimento, humildade e gratidão.

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