terça-feira, 3 de agosto de 2021

EIS QUE VENHO EM BREVE!


 

EIS QUE VENHO EM BREVE!

Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez. (Apocalipse 22.12)
Uma das características impressionantes de Apocalipse 22 é que ele é pontuado três vezes pelo brado de Jesus:“Eis que venho em breve” (v. 7, 12 e 20). Como devemos interpretar essa afirmação?
Significa que o retorno de Cristo aconteceria quase imediatamente e que ele estava enganado?
Essa é uma visão bastante difundida, mas não é uma conclusão plausível por várias razões.
Primeiro, Jesus disse que ele não sabia o dia de sua vinda (Mc 13.32); somente o Pai sabia.
Portanto, é improvável que agora ele estivesse se pronunciando sobre aquilo que ele afirmara não saber. Ele não era ignorante acerca de sua própria ignorância.
Segundo, Jesus e os apóstolos conclamaram seus seguidores em outros lugares a casar e ter filhos, a ganhar seu sustento e a levar o evangelho aos confins da terra.
Essas instruções não são compatíveis com a crença em uma parúsia iminente.
Terceiro, Jesus predisse a destruição de Jerusalém dentro do período de vida de seus contemporâneos, e às vezes é difícil discernir se ele estava se referindo à destruição da cidade ou ao fim dos tempos.
Quarto, o apocalipse é um gênero particular, com suas próprias convenções literárias.
Por exemplo, ele expressa aquilo que acontecerá repentinamente em termos daquilo que acontecerá em breve. Era assim também nas profecias do Antigo Testamento.
ENTÃO, COMO ENTENDER O ADVÉRBIO BREVE?
É preciso lembrar que, com os grandes eventos do nascimento, morte, ressurreição e exaltação de Cristo, se inaugurou um novo tempo e no calendário escatológico de Deus não há nada antes da parúsia. A parúsia é o próximo evento na agenda.
Charles Cranfield escreveu que foi e ainda é válido afirmar “que a parúsia está prestes a acontecer”. Assim, os discípulos cristãos são caracterizados pela fé, pela esperança e pelo amor.
A fé significa aguardar o já da conquista de Cristo.
A esperança diz respeito à espera pelo ainda não da salvação.
E o amor marca a nossa vida agora, nesse ínterim.
Logo, breve pode ser cronologicamente inexato, mas é teologicamente correto.
“...Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo. É como se um homem, partindo para fora da terra, deixasse a sua casa, e desse autoridade aos seus servos, e a cada um a sua obra, e mandasse ao porteiro que vigiasse. Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, Para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai. (Marcos 13.28-37 )
Retirado de A Biblia Toda o Ano Todo [John Stott].

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