A arte de permanecer casados
O Senhor destruirá das tendas
de Jacó o homem que fizer isto, o que vela, e o que responde, e o que apresenta
uma oferta ao Senhor dos Exércitos. Ainda fazeis isto outra vez, cobrindo o
altar do Senhor de lágrimas, com choro e com gemidos; de sorte que ele não olha
mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E dizeis: Por quê?
Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual
tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança. E não
fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele
buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e
ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque o Senhor, o Deus
de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que encobre a violência com a sua
roupa, diz o Senhor dos Exércitos; portanto guardai-vos em vosso espírito, e
não sejais desleais. (Malaquias
2:12-16)
“…Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém
seja infiel para com a mulher da sua mocidade”.
(Malaquias
2.15)
Ao estudar
esta lição, você se dedicará de modo sábio e cristão à manutenção de um
casamento saudável. A lição de hoje trata de alguns princípios sobre a
manutenção do casamento:
1.
Casamentos são realizados com a previsão de durarem a vida toda.
2. Os
casamentos não duram a vida toda naturalmente, sem algum esforço e cuidado.
3. Devemos
descobrir e tomar atitudes claras e eficazes para que o casamento seja durável.
O estudo da
lição não tem a intenção de acusar ou trazer um peso ainda maior aos que
experimentaram o divórcio.
O fato é que
mesmo as pessoas que passaram por divórcio entendem que o casamento é feito
para durar toda a vida.
Também não
teremos segredos garantidos e fáceis para as pessoas permanecerem casadas, mas
alguns princípios que tenham fundamento na palavra de Deus, e que poderão
ajudar na construção de casamentos mais saudáveis e mais duráveis.
Quando
alguém assume um grande compromisso, geralmente, espera que logo acabe. Do
outro lado, quando alguém aceita um compromisso de longa duração, espera que o
valor do compromisso esteja diluído de tal maneira que se torne bastante
pequeno, aceitável.
No
casamento, as duas dimensões estão presentes: trata-se de um compromisso
intenso e, ao mesmo tempo, um compromisso extenso, para toda a vida.
Nossa lição
evitará o trabalho de defesa da durabilidade do casamento, e se dedicará a
oferecer orientações básicas que ajudem as pessoas “na arte de permanecerem
casadas”.
I.
Casamentos duráveis demonstram presença equilibrada de amor e compromisso (Mc
10.7-8)
Aqueles que
são casados há muitos anos, geralmente, testemunham que “só o amor não sustenta
uma relação”.
Aqueles que
se separaram um dia demonstram na prática que “só o compromisso não sustenta
uma relação”.
Ainda assim,
ambos concordarão que uma relação duradoura depende tanto de amor como de
compromisso – muito amor, e compromisso firme!
A maneira
bíblica de descrever compromisso no casamento está na célebre frase proferida
em Gênesis (2.24-25) e pelo próprio Senhor Jesus:
“Por isso,
deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher, e, com sua mulher,
serão os dois uma só carne” (Mc 10.7-8).
Duas
expressões são especialmente contundentes ao ensinarem a intensidade do
compromisso: “unir-se” e “uma só carne”.
Segundo os
estudiosos, “unir-se” tem o significado de um elo forte que não será jamais
quebrado, envolvendo duas características: lealdade inabalável e amor ativo,
permanente, que não desiste.
Do outro
lado, tornar-se uma só carne (que inclui relação sexual e todas as dimensões
adicionais afetivas e físicas) significa uma natureza de união tão forte que
seria impossível desunir (separar, cortar, dividir) sem que marcas profundas
sejam manifestas.
Para se ter
uma ideia da natureza desse modelo de união, a Bíblia o chama de mistério e
declara ser essa a representação mais completa do relacionamento entre Cristo e
Sua igreja (Ef 5.31-32).
Um
compromisso de tamanha magnitude e com tamanhas implicações não é assumido com
facilidade. Por isso, alguns chegam a temer o casamento.
A base do
comprometimento tem que ser o amor, pois ele expulsa o medo (1Jo 4.18 NVI).
Desse modo, enquanto o compromisso dá sustentação para o sentimento de amor, o
amor torna possível a manutenção do compromisso.
II.
Casamentos duráveis pedem manutenção sistemática
A atitude
própria de todas as pessoas que adquirem um bem durável é programar-se para o
natural cuidado de sua manutenção. Assim fazemos quando adquirimos uma casa, um
carro ou mesmo algum eletrodoméstico.
Na verdade,
até mesmo a garantia da maioria dos bens depende de sua manutenção adequada.
O mesmo
acontece quando se deseja construir um casamento durável. Sem manutenção
adequada, os casamentos se tornam vulneráveis e frágeis.
Entre as
diversas formas de se cuidar da manutenção de um casamento, duas serão
destacadas aqui.
1.
Disposição e capacidade de lidar com conflitos
Podemos
evitar muitos dos conflitos que surgem no casamento bastando para isso uma
atitude mais cuidadosa por parte de cada um de nós. A disposição para aceitar
as diferenças, por exemplo, diminui de modo decisivo o potencial de um casal
para se envolver em conflito – homens são diferentes de mulheres (que bom!),
pessoas criadas na família “A” são diferentes de pessoas criadas na família
“B”, e assim por diante.
Nossas
diferenças se manifestam na maneira como reagimos aos problemas, na escala de
valores da família, no gosto por alimentos, ambientes, humor e de tantas outras
maneiras.
Há casais
que não conseguem conviver porque um dos cônjuges deseja mudar o outro e
fazê-lo ser exatamente igual a ele. Há casos em que a disposição para
“implicar” com o outro e com a maneira de ele ser e perceber as coisas acaba
por tornar insustentável a vida comum.
O texto de
1Pedro 3.1-7 (NVI) oferece exemplo de postura favorável para lidarmos com as
diferenças quando orienta as mulheres cristãs a tratarem até mesmo com um marido
que não obedece à Palavra: “Do mesmo modo, mulheres, sujeite-se cada uma a seu
marido, a fim de que, se ele não obedece à palavra, seja ganho sem palavras,
pelo procedimento de sua mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de
vocês” (v.1-2).
O ensino alcança diversas áreas da vida
familiar, e orienta também os homens a serem sábios no convívio com a própria
esposa… “e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e coerdeiras do dom da
graça da vida…” (v.7).
2.
Habilidade de lidar com mudanças necessárias e inevitáveis
Além das
questões que podem ser vistas como “diferenças”, o casamento inclui enganos,
erros e pecados por parte dos membros da família. O fato é que somos pecadores!
A maneira
como lidamos com os nossos próprios erros e com os erros do cônjuge será
fundamental para definir a continuidade saudável do casamento. Isso significa
aprender a pedir perdão (embora os exemplos bíblicos sejam tantos, temos a
tendência de achar que é humilhante pedir perdão, e acabamos optando por atitudes
prejudiciais ao casamento, como negar, “deixar o tempo passar”, ficar irritado
quando confrontado, culpar o outro, etc.), ter capacidade para entrar em acordo
com o outro e disposição para perdoar.
A Bíblia nos
ensina que devemos ser “uns para com os outros benignos, compassivos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Ef
4.32).
Do outro
lado, se existe um lugar em que deve ser aplicado o ensinamento de Jesus a
Pedro segundo o qual devemos perdoar nossos irmãos até “setenta vezes sete”,
esse lugar é no casamento.
A atitude de
perdão, segundo a Bíblia, é antecedida por uma cuidadosa advertência contra os
pecados relacionais que nos dividem e fazem nascer conflito.
Em Efésios
4.25-31, somos exortados a ser cuidadosos para “não mentir uns aos outros
(v.25), não nos entregar à raiva de uns para com os outros (v.26-27), não
roubar uns dos outros (v.28), não dizer palavras que machuquem uns aos outros
(v.29), e viver (inclusive em casa) de maneira que permaneça “Longe de vós, toda
amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia”
(v.31).
III.
Casamentos duráveis recebem investimentos constantes
Um casamento
saudável não se sustenta “naturalmente”, sem investimento.
1. De
natureza física
Resumidamente,
o investimento no casamento inclui o cuidado com o corpo (higiene, saúde,
aparência…) e o uso de todas as potencialidades do corpo, incluindo as
expressões físicas de carinho (de caráter sexual ou não).
2. De natureza emocional
Podemos
investir no casamento também por meio do uso adequado das emoções,
especialmente quando oferecemos ao outro a segurança de que é importante,
especial, alvo de amor. O livro de Cantares tem sido usado como um verdadeiro
manual de investimento físico e emocional no casamento.
3. De
natureza espiritual
Felizes são
os casais que oram um pelo outro e juntos, que leem a Bíblia e cultuam juntos e
que, especialmente, são capazes de aplicar os ensinamentos da palavra de Deus
nas atitudes diárias e em todas as dimensões do relacionamento conjugal (veja
Tg 1.22).
A Bíblia
trata bastante desse tipo de relacionamento de cumplicidade e proximidade.
Eclesiastes
4.9-12 registra que “Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do
seu trabalho.
Porque se
caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo,
não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão;
mas um só como se aquentará?”
Provérbios
31 apresenta uma mulher chamada de virtuosa e diz que a vida em família é muito
agradável, entre outras razões, porque o marido confia na mulher (v.11), e “ela
lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida” (v.12).
1Coríntios
13 lembra-nos ainda que, havendo amor, há paciência nos momentos de sofrimento,
confiança, e disposição para esperar e suportar as eventuais lutas da vida
(v.7).
Vale a pena
observar alguns conselhos apresentados pelo Dr. Ed Wheat no livro O Amor que
não se Apaga.
a. Nada é
tão essencial qual a saúde de seu casamento e o desenvolvimento de união entre
vocês.
b.
Concentrar-se no conhecimento mútuo e em construir um relacionamento íntimo
agrada ao Senhor.
c. É
necessário tempos juntos para lançar adequadamente os alicerces do casamento.
d. É
essencial que o marido aprenda a satisfazer às necessidades da esposa.
e. O
conhecimento do cônjuge é necessário a fim de ver segundo os padrões bíblicos.
Você deve conhecê-lo em profundidade se quiser amá-lo, compreendê-lo e encorajá
lo.
f. Os
cônjunges devem ser companheiros de equipe unidos para servirem a Deus
eficazmente. Para vocês se tornarem uma equipe, é preciso tempo e colaboração
numa atmosfera tão livre de distrações quanto é possível.
g. De acordo
com a sabedoria de Criador, o primeiro ano é crucial em todo casamento, devendo
ser vivido com cuidado e prudência.
Conclusão
Nesta lição
estudamos sobre a arte de permanecer casados – um casamento durável, para a
vida toda. Dois lembretes são importantes. Primeiro, que a vida é curta, e
devemos gozá-la com discernimento e alegria, sempre que possível, na companhia
da pessoa com quem nos casamos.
Segundo, que
não basta ter um casamento duradouro. É preciso viver bem, com alegria e
felicidade. Mais do que aparências e convenções sociais, é preciso construir
relacionamento saudável e feliz, de modo que permanecer casados seja um
privilégio, uma alegria, e não um dever enfadonho e sofrido.
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