A
LIDERANÇA CRISTÃ E O DISCIPULADO
Creio na liderança cristã e creio no discipulado. Compreendo que a liderança cristã tem o trabalho de despertar e conduzir o ser humano para Deus e para tudo o que de Deus recebeu. Creio numa liderança comprometida com o reino de Deus (cf. Mt 6.33), o que, aliás, é uma qualidade- chave do líder cristão. Uma liderança comprometida é fiel (1Co 4.2), disponível (Lc 9.57-62), receptiva à capacitação, ou seja, ao treinamento (um teste é convidar 12 a 20 pessoas para reuniões de treinamento, e observar quem retorna a partir da segunda reunião. O treinamento, por sinal, já é uma seleção). Descobrir pessoas que possuam potencial é tarefa do líder, e isso com o objetivo de treiná-las de modo a que em dado momento a organização possa funcionar sem ele, líder. É um facilitador no ensino dos novos discípulos e na participação deles no global do processo; é exemplo e ajuda em vez de apenas verbalizar, valoriza a participação dos outros, é paciente e confia no Espírito Santo como conselheiro e auxílio nas dificuldades.
Creio na liderança capacitada
pelo Espírito de Deus, "carismatizada" para o benefício da Igreja de
Cristo, para que todo o edifício bem ajustado cresça para templo santo cuja
glória seja unicamente a de Deus, ou como colocou a Bíblia em Português
Corrente (edição da Sociedade Bíblica de Portugal, 1993): "É em Cristo que
todo o edifício está seguro e cresce até se transformar num templo que honre ao
Senhor" (Ef 2.21).
Creio também no discipulado
cristão, pois é somente observar a ênfase dada por Jesus ao cuidado, carinho,
busca e instrução dos que O seguiam. "Discípulo", por sinal, parece
ser a palavra favorita de Jesus para aqueles cuja vida estava ligada a dEle.
Aparece 269 vezes nos Evangelhos e no livro dos Atos dos Apóstolos.
O líder cristão do século 21 não
pode esquecer que as condições do discípulo são um daqueles princípios
imutáveis, apesar das transformações litúrgicas, administrativas, pelas quais a
Igreja de Cristo vem passando através dos séculos. Quem as declara são os
Evangelhos:
· Transportar a cruz (Lc 14.27).
A cruz não é brinquedo, mas instrumento de morte, na qual o eu deve morrer. Ir
para o Calvário é um caminho escolhido deliberadamente, visto que a cruz é o
símbolo da perseguição, vergonha e abuso que o mundo jogou sobre o Filho de
Deus e jogará sobre os que escolhem navegar contra a corrente, o discípulo.
· Renúncia (Lc 14.33), que é
entrega irrevogável a Jesus Cristo, autonegação, nos termos de Lucas 14.26 e
Mateus 16.24. Nosso amor a Jesus e à Sua causa há de ser tão evidente que, em
comparação, todos os demais serão diminuídos. Billy Graham afirmou que "a
salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos".
· Constância (Jo 8.31). É passar a viver em companhia de Jesus, comunhão de
destinos com Ele, segui- Lo, permanecer nEle. O verdadeiro discípulo se
caracteriza pela estabilidade.
· Produção de frutos (Jo 15.8).
União frutífera como Senhor (Jo 15.4,5).
O líder cristão há de observar os
dois aspectos básicos do discipulado em sua própria experiência de vida: a
união com Cristo e a dedicação sem reservas, que Jesus Cristo descreveu em
termos de videira e ramos (cf. Jo 15.5ss). Em relação ao primeiro aspecto,
Paulo usa inúmeras vezes a expressão "em Cristo" para com isso
significar que nós estamos nEle e Ele está em nós (Cl 1.27). Por sua vez,
Romanos 6.1-12 indica o significado do regime de dedicação exclusiva a Jesus.
O alvo do discipulado deve
permanecer bem definido na mente do líder cristão: é a semelhança de Cristo em
caráter e em serviço. O Espírito Santo dá-nos o caráter de filhos de Deus, e
nessa linha de raciocínio, o fruto do Espírito é o retrato desse caráter: amor,
alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e
autodomínio.
OIKOS, UM CONCEITO PARA O SÉCULO 21
As grandes cidades, sejam
capitais legais, formais ou informais são um centro dominante A característica
maior é a concentração de população várias vezes superior à cidade seguinte em
importância. Tem primazia política, econômica, acadêmica e cultural (a área
metropolitana de Tóquio é maior que a metade da população do Canadá). É também
nessa situação que o líder cristão há de exercer o discipulado.
São características dos
habitantes da urbis:
· Um ser solitário. Quem mora na
roça vive praticamente num sistema de clã (estilo semita bíblico). Na cidade
grande está perdido.
· Um ser pobre. Mora em invasão.
· Um ser que sonha. Não perdeu
essa capacidade.
· Um ser que escuta. E a ele
muitos "discipuladores" querem falar.
OIKOS, UM NOVO VELHO CONCEITO
Oikos é o "lar
familiar", a esfera de influência. É o sistema social primário composto
por aqueles que são relacionados por laços comuns de família, trabalho e
vizinhança. Três são as constantes culturais: o parentesco, a comunidade e a
associação:
· parentesco são laços de sangue
ou de afinidade.
· A associação é voluntária com
normas, autoridade, mobilização de recursos, e movidas por amizade, sexo,
poder, ideais, interesses, prestígio (sindicatos, igrejas, clubes).
· A comunidade é determinada pela geografia.
Se isso existe hoje, e é uma
constante antropológica, existiu nos dias neotestamentários. É o oikos (cf.
Michael Green. Evangelização na Igreja Primitiva). Alguns casos são:
-
a família de Betânia (Jo 12.1-3);
· a casa de Cornélio, oficial
romano (At 10);
· a casa de Lídia (At 16.13-15);
· a família do carcereiro de
Filipos (At 16.25-34);
· a casa de Prisca e Áqüila (Rm
16.3-5);
· a casa de Aristóbulo (Rm
16.10);
· a casa de Narciso (Rm 16110.
Os descrentes têm dois problemas:
o de informação (não conhecem a um cristão de verdade), e o de reputação
(conhecem um "cristão" que não tem a mente de Cristo).
IMPEDIMENTOS
Liderança que não encarna ideais
e falta de mobilização do povo de Deus. Falar de liderança é falar de pastores,
presbíteros, diáconos, ministros na várias áreas, professores, conselheiros,
relatores, etc. Através da história, Deus tem chamado homens e mulheres para
abençoar Seu povo.
No século 21 muita coisa tem
mudado: igrejas querem dinheiro, não poder do Espírito; santuários cheios de
pessoas, mas não de poder; animação, mas não renovação.
A liderança há de ter visão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário