terça-feira, 9 de junho de 2020

OS AFETOS NÃO SÃO OPCIONAIS


OS AFETOS NÃO SÃO OPCIONAIS

É provável que você perceba o por quê me resulta tão surpreendente que tanta gente tente definir o verdadeiro cristianismo em termos de decisões e não de sentimentos, não significa que as decisões não sejam essenciais. O problema é que podem ser tomadas sem que exista uma grande transformação. As simples decisões não são uma evidência segura de uma verdadeira obra de graça no coração. A gente talvez tome "decisões" em quanto à verdade de Deus, em tanto que seus corações estão longe dEle.
Temos nos afastado muito do cristianismo bíblico de Jonathan Edwards. Ele se referiu a 1 Pedro 1:8 e susteve que "a verdadeira religião consiste, em grande parte, nos sentimentos."
"Ao qual [Jesus Cristo], não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais, com gozo inefável e glorioso" (1 Pe 1.8).
Através das Escrituras, nos é ordenado sentir, não só pensar nem decidir. Nos é ordenado que experimentemos dezenas de emoções, não sé que realizemos atos da vontade.
Por exemplo, Deus nos manda que não cobicemos (Ex 20.17) , e é evidente que por trás de cada mandamento que não ter determinado sentimento também se nos ordena ter outro determinado sentimento. O oposto à cobiça é o contentamento, e é isso exatamente o que se nos manda experimentar em Hebreus 13.5: "...contentando-vos com o que tendes".
Deus nos manda que não guardemos rancor (Levítico 19.18). o lado positivo de não guardar rancor é perdoar "de coração". Isto é o que Jesus nos ordena em Mateus 18.35: "...se do coração não perdoardes, cada um, a seu irmão, as suas ofensas." A Bíblia nos diz: "só tomem a decisão de não guardar rancor". Diz: "Experimentem uma mudança de coração". Incluso vai além a nos ordena certa intensidade. Por exemplo, em 1 Pedro 1.22 ordena: "amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro", e Romanos 12.10 ordena: "Amai-vos cordialmente uns aos outros, com amor fraternal".
Em linha geral, a gente se preocupa com o ensino do hedonismo cristão que diz que as emoções são parte de nossa obrigação, que são um mandamento. Isto resulta estranho porque nossas emoções não estão sob o nosso controle imediato como parecem estar os atos da vontade. Porém, o hedonismo cristão diz: "considera a Escritura". Através de todas as Escrituras, as emoções são um mandamento.
A Escritura nos ordena que nos gozemos, que tenhamos esperança, temor, paz, bondade, que sintamos profunda pena, desejo, contrição, que sejamos humildes, etc. por tanto, o hedonismo cristão não põe ênfase demais nas emoções quando nos diz que a satisfação em Deus é nossa vocação e dever. 
É verdade que nossos corações a miúdo são torpes. Não sentimos a profundidade nem a intensidade das emoções que são apropriadas para Deus ou Sua causa. É verdade que nesses momentos devemos exercer a nossa vontade e tomar decisões com as quais esperamos reavivar nosso gozo. Apesar de que o amor carente de gozo não é a nossa meta (2 Coríntios 9.7: "Deus ama quem dá com alegria"; "...o que exercita misericórdia, [faça-o] com alegria" (Rm 12.8), de todas formas é melhor cumprir com uma obrigação sem gozo que deixar de cumpri-la, se é que existe um espírito de arrependimento ao reconhecer que não temos cumprido com todo nosso dever devido à torpeza dos nossos corações.
Muitas vezes me perguntam que deve fazer um cristão se não tem em seu interior a alegria da obediência. É uma boa pergunta. Minha resposta é que não se deve continuar avançando com a obrigação pensando que os sentimentos simplesmente não têm importância. É claro que a têm" minha resposta consta de três passos:
Em primeiro lugar, confesse o pecado da falta de gozo "Desde o fim da terra, clamo a ti, por estar abatido o meu coração; leva-me para a rocha que é mais alta do que eu" (Sl 61.1). Reconheça a frieza do seu coração. Não diga que não importa como você se sente.
Em segundo lugar, ore com sinceridade para que Deus restaure o gozo da obediência ("Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração" Sl 40.8).
Em terceiro lugar, continue avançando e cumpra com a dimensão externa de sua obrigação com a esperança de que assim será reavivado o deleite.
Isto é muito diferente de dizer: "Cumpre com a tua obrigação porque os sentimentos não têm importância", pois assim fica estipulado que existe aquela coisa chamada hipocrisia. Isto está baseado na crença de que a nossa meta é a união do prazer e do dever, e que justificar sua separação é justificar o pecado.
É verdade, cada vez se faz mais evidente que a experiência de gozo em Deus encontra-se além do que o nosso coração pecaminoso é capaz de alcançar. Vá em contra de nossa natureza. Estamos escravizados ao prazer que nos proporcionam outras coisas (Rm 6.17). não podemos decidir estar contentes com algo que encontramos enfadonho, carente de interesse, desagradável... como Deus. A criação de um cristão hedonista é um milagre de graça soberana. É por isso e Paulo disse que passar a ser um cristão é como passar da morte para a vida ("Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, [Deus] nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)" Ef 2.5). é por isso que Jesus disse que era mais fácil que um camelo passasse pelo fundo de uma agulha que um rico deixasse de amar o dinheiro e começasse a amar a Deus (Mc 10.25). os camelos não podem passar pelo fundo de uma agulha, assim como os mortos não se podem levantar sozinhos da morte. Pelo qual, Jesus agrega: "Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis" (Mc 10.27). por isso, o hedonismo cristão gera uma dependência absoluta da soberania de Deus. Nos ensina a escutar o mandamento: "Deleita-te no Senhor", e depois a orar com sem Agostinho, dizendo: "Ordena o que desejes, mas dá-nos o que ordenas".



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