A ESPERANÇA DO CRENTE
Não poderíamos deixar essas considerações sobre o tema da esperança sem examinar¬mos 1 João 2:27-33, um dos grandes trechos sobre a esperança. Descobrimos aqui cinco características da esperança do crente.
A Esperança do Crente é Garantida pela Permanência. Quando João fala sobre a permanência, fala sobre sal¬vação - sobre uma permanência constante em Cristo, a medida do verdadeiro crente. O conceito vem das palavras de Jesus: "Se vós permanecerdes na minha pala-vra, sois verdadeiramente meus discípulos" (João 8:31). Os verdadeiros discípulos permanecem.
O que nos assegura que o crente permanecerá? Não
O que, mas quem — o Espírito Santo. Uma paráfrase de
1 João 2:27 talvez fosse assim: "O Espírito Santo foi dado a vocês, e Ele permanecerá em vocês para que não tenham necessidade de professores humanos, mas â medida em que o Espírito lhes ensinar todas as coisas e que Ele é verdade e não mentira, assim como já tem ensinado, vocês hão de permanecer". O Espírito Santo é um detetor interno de mentiras. O Espírito Santo é um ensinador da verdade e reside em nós. Ele habita em todo o crente e evita que este abandone a verdade.
Chegamos agora ao versículo 28: "Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifes¬tar, tenhamos confiança e dele nâ"o nos afastemos enver¬gonhados na sua vinda". João está dizendo:"Sejam ver-dadeiros crentes. Sejam cristãos de fato". Aqueles que permitem que o Evangelho habite neles permanecerão no Filho e no Pai e no Espírito, e assim continuarão em Cristo.
Coopere - não estamos absolvidos da responsabilida¬de. Muitos são os versículos que nos ensinam "Aqui está o que Deus fez por você, agora faça-o você mesmo" (Compare Judas 21 cora o versículo 24 e João 17:6 com 2 Timóteo 4:7). Os privilégios dados na Escritura jamais cancelam as responsabilidades. Apenas aumentam-nas. Enquanto nossa permanência em Cristo é garantida pelo Espírito Santo, não estamos livres de responsabilidade.
Quando o Espírito nos é dado, não nos isenta ou torna irresponsáveis. Não é para tornar-nos indiferentes, mas para fazer-nos mais diligentes e mais fiéis - agarran¬do-nos mais ainda às coisas que sabemos ser verdadeiras. Temos que nos disciplinar de conformidade com a obra do Espírito e de conformidade com Sua vontade em nos¬sas vidas. Quando a Bíblia nos ordena andar no Espírito, está mandando que nos comportemos conforme a obra do Espírito Santo em nossas vidas.
Por exemplo, o Senhor disse a Pedro: "Eu porém roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça..." (Lucas 22:32). Isso cuidou de Pedro, mas alguns versículos abaixo Jesus olha os discípulos de frente e declara:"Orai para que não entreis em tentação" (v.40).
Em 1 Coríntios Paulo diz: "Não vos sobreveio tenta¬ção que não fosse humana; mas Deus é fiel, e não per¬mitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação vos provera livra-mento, de sorte que a possais suportar" (10:13). Eles po¬deriam ter dito: "ótimo, então Deus dará um jeito nas coisas. Deus cuidará de nossos problemas porque está no controle". Mas o próximo versículo diz:"...fugi da idola¬tria". É outro paradoxo. A operação interior da graça de Deus nunca deixa de lado a exortação. Nunca aceite a operação da sabedoria de Deus em sua vida como des¬culpa para a indolência, inatividade ou indisciplina.
Quando Ele Vier - Voltemos agora para nosso texto de 1 João, e continuemos a leitura: "Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifes¬tar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos enver¬gonhados na sua vinda" (2:28). Esta é uma declaração tremenda.
Não haverá nenhum crente que, permanecen¬do em Cristo, será envergonhado quando Jesus voltar!
Os erros de nossas vidas serão resolvidos no sangue de Cristo. A palavra confiança significa literalmente ousa¬dia. Jesus voltará, e poderemos ter ousadia quando Ele vier. Apocalipse 22:12 diz: "E eis que venho sem demo¬ra, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras". Jesus volta para recom¬pensar a Sua igreja pelo nosso serviço.
Isto é maravilhoso! Deixe-me mostrar alguns versícu¬los que expliquem aquilo que denominamos o Bèma ou trono de julgamento de Cristo. "Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naque¬le dia..." (2 Timóteo 4:6-8).
Que dia? O dia em que Cristo se manifestar à Sua igreja. Paulo continua no versículo 8: "...e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda". Eles amam a vinda de Cristo de tal forma que O servem. São cristãos, são crentes, são permanecedores. E serão ousados ao receber o galardão.
Galardoados - Verifique 2 Coríntios 5:10: "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou mal que tiver feito por meio do corpo". Embora nossa tradução da Bíblia utilize as palavras bem ou mal ficaria melhor traduzir por útil ou inútil.
Vejamos um trecho paralelo em 1 Coríntios 3 a fim de compreendermos melhor o que isso quer dizer. "Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que al¬guém edifíca sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de al-guém que sobre o fundamento edifícou, esse receberá o galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele o dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo" (versículo 11-15).
"Madeira, feno, palha" não parece referir-se a pecado. Estas coisas são, contudo, as coisas inúteis que fazemos, que têm poucas conseqüências. Não são más, apenas inúteis. Todas essas coisas neutras se queimarão. O que restar serão apenas as atitudes e ações que eram total-mente para Cristo, e por estas você receberá um galar¬dão. As coisas positivas serão recompensadas.
Já que isto é verdade, devemos ser muito tardios ao tentarmos julgar as obras dos outros. Não é nosso tra¬balho, é dEle. "Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também manifesta¬rá os desígnios dos corações; e então cada um receberá o seu louvor da parte de Deus" (1 Coríntios 4:5). O que é que cada indivíduo receberá no Tribunal de Cristo? Louvor da parte de Deus. Quando Jesus voltar, nós que permanecemos teremos confiança quando O virmos — confiança porque Cristo resolveu o problema do nosso pecado, queimou toda nossa palha, e deixou apenas aqui¬lo que poderá ser recompensado.
A palavra confiança significa ousadia ou liberdade de falar. É a mesma palavra usada em Hebreus, quando nós somos convidados a nos apresentarmos com ousadia pe¬rante o trono de graça, e temos essa mesma ousadia na oração (1 João 3:5). A mesma confiança, a mesma ousa¬dia com a qual entramos no santo dos santos pelo sangue de Cristo, permite que andemos até o Tribunal de Cristo sem timidez, porque permanecemos nEle.
É claro que quando Cristo se manifestar haverá muita gente envergonhada por não ter permanecido, por sua incredulidade. Leia Apocalipse 6:15 para ver a que pon¬to será a vergonha desses: "Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes, e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono, e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira deles, e quem é que pode suster-se? "
A chave para isso se encontra em Marcus 8:38. Jesus disse: "Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quan¬do vier na glória de seu Pai com os santos anjos". Quem se envergonhará quando Jesus voltar? As pessoas que tiveram vergonha dEle e de Suas palavras no presente século.
Sem Culpa - Os verdadeiros crentes — que permane¬ceram em Cristo - não ficarão envergonhados. De fato, serão encontrados isentos de culpa. 1 Coríntios 1:8 nos diz que seremos confirmados "até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia do nosso Senhor Jesus Cristo". Não apenas isto, mas também não teremos uma mácula ou ruga que manche nossa aparência (Efésios 5:27). Que maravilha!
Você quer mais provas? Colossenses 1:22 diz que Cristo padeceu a morte a fim de "apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis". 1 Tessalonicenses 3:13 diz: "A fim de que sejam os vossos corações confirmados em santidade, isentos de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos". Temos uma grandiosa esperança, e esta é garantida pela nossa permanência em Cristo. E o principal ponto que João queria que observássemos.
Nossa esperança realiza-se em justiça. Ela se torna real, visível e genuína, através de nossa maneira de viver. Olhe o versículo seguinte de nosso texto: "Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele" (1 João 2:29). Ele usa saber e reconhecer: "sabeis" significa conhecer absolutamente, e "reconhecei" que quer dizer saber por experiência. Assim, ele está dizendo: "Se sabeis com certeza que Deus é justo, então sabeis por experiência que todos que praticam a justiça são nascidos dHe."
Deus é justo, completamente isento de qualquer mal. Ele sempre faz as coisas certas e os juízos corretos. Já que Ele é assim, seria de se esperar que Seus filhos se comportassem de modo semelhante. As crianças tendem a ser como os pais. As pessoas que realmente têm esta esperança não serão justas e inculpáveis apenas no Bèma, serão justas agora, pois são nascidas de Deus. Assim, se nossa esperança for genuína, ela será concretizada através de uma vida de justiça.
1 Pedro 1:14 elucida melhor: "Como filhos da obe¬diência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anterior¬mente na vossa ignorância". Ele diz que Cristo vai voltar e temos que ser obedientes. Não podemos agir como fazíamos antes de nos tornarmos crentes. Assim Pedro continua: "Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo vosso procedimento, porque escrito está: Sede san¬tos porque eu sou santo" (w. 15,16). Pode-se reconhe¬cer um filho de Deus porque este se comporta como um filho de Deus deve se comportar. Ademais, Paulo declarou: "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé..." (2 Coríntios 13:5). Como é que nos exa¬minamos? Observando nossas palavras, obras e frutos. Nossa esperança é concretizada através de uma vida de justiça. A verdadeira esperança resultará numa vida santa. Nossa esperança é estabelecida pelo amor.
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