A sabedoria
Vemos diversas pessoas que estão conosco já há
muitos anos, muitas vezes ocupando cargos de liderança, que adotam práticas
ou hábitos "não
muito condizentes", vamos assim dizer. São
pessoas que não
cultivam a sabedoria. E, concluímos, nem sequer entendem o que vem a ser sabedoria.
Vamos abrir um parêntese para explicar um fato muito importante: saber o que
dizem as Escrituras acerca de determinado tema não
significa que entendemos o assunto. Quando eu fazia o segundo grau, resolvia as
questões de física (dinâmica, cinemática, termologia, lentes, etc) com uma
relativa facilidade, mas só muito depois é fui entender realmente a matéria.
Um outro exemplo prático disto é a fé. É
comum as pessoas dizerem que a fé
é "o firme fundamento das coisas que se esperam e a
convicção das coisas que não
se vêem"; ou que "o que não
procede de fé é pecado" (Rom.14:23). Isto não significa, de modo algum que o irmãozinho saiba o que realmente seja a fé, e muito menos que aplique a fé em sua vida diária.
No que tange à sabedoria, temos igual situação.
Saber que "o temor do Senhor é
o princípio da sabedoria" (Pv.1:7) não significa que entendamos o que seja sabedoria, ou, ainda,
que a aplicamos em nossa vida diária.
Gostaria de adiantar que é nossa intenção externar a nossa maneira de vermos o
que vem a ser a sabedoria e como reconhecer quem a cultiva. E quero desde já excluir a possibilidade de se confundir sabedoria
com conhecimento ou inteligência. Muito embora quem tenha uma grande gama de conhecimentos
esteja mais próximo da sabedoria do que as pessoas que ignoram o mundo que
as rodeia (os escolados talvez prefiram o termo "alienado"), o
conhecimento em si não torna as pessoas sábias. Muito pelo contrário,
em algumas situações, o conhecimento as afasta da
sabedoria. Linnus Pauling foi um cientista que, entre outras, deu uma contribuição muito grande à
Atomística, lançando uma nova compreensão sobre os níveis de energia dos átomos (eletrosfera). Contudo, fez uma campanha nos Estados
Unidos para acabar com o ensino religioso nas escolas primárias. Um homem insensato, ainda que cheio de
conhecimentos...
A mesma coisa pode ser dita em relação à inteligência,
à capacidade de raciocínio.
Muito embora os cientistas ainda não
tenham chegado a um conceito abrangente do que seja "inteligência", podemos tê-la
como um fator que faz com que as pessoas pensem rápido;
cheguem a uma conclusão com espantosa velocidade. Algumas
vezes, a inteligência torna as pessoas arrogantes,
prepotentes, loucas. Acreditam que o fato de saberem mais ou ter uma inteligência acima da média
os capacitam a duvidar da existência de Deus. A Bíblia diz em Salmos 14:1: disse o louco em seu coração: não há
Deus.
Eu vejo muitas pessoas insensatas
(ignorantes, loucas, estultas, estúpidas,
néscias, sem entendimento, etc), dentro de nossas igrejas,
ainda que tenham um cabedal de conhecimento bíblico.
São justamente as que adotam práticas
ou hábitos contrários à
sabedoria. E olha que alguns conhecem muito bem o livro de Provérbios e Eclesiastes (cuja leitura eu recomendo a todos). Tal
conhecimento não os fez mais sábios...
A sabedoria é coisa que não
se ganha, não se compra
e nem se empresta. Se conquista com o passar do tempo. Para
muitos, os anos passam e essa sabedoria não
é conquistada... Ela não
se transfere como se transfere conhecimentos. A inteligência não torna as pessoas sábias.
Se acontece alguma coisa em sua vida,
que você não entenda, e diante da qual não saiba como reagir, a possibilidade maior é que você adote uma atitude ou prática errada, contrária
aos princípios bíblicos, ao Espírito
e à intenção de Deus.
Você consegue compreender, então,
a necessidade de se freqüentar a Escola Bíblica Dominical e os cultos de ensino? Se você não conhece a Bíblia, o que ela diz sobre determinada situação, você não
vai poder aplicá-la na tua vida, e por absoluta ignorância.
E, pior, é tem gente na Igreja que não
aprende... São pessoas orgulhosas, arrogantes, prepotentes, que "não dão o braço
a torcer". Nunca reconhecem o próprio
erro (que sempre tem uma explição e uma justificativa) e a necessidade
de mudar o seu comportamento. Se acham donas da verdade. E continuam agindo com
prepotência e arrogância, sem misericórdia, desprezando e menosprezando os menos preparados ou
mais fracos na fé. Vivem a explicar a todo momento, a
todas as pessoas a razão, o motivo de estarem agindo desta ou
daquela forma. De certa forma, querem ser vistas como perfeitas, imaculadas,
santas, dignas de toda honra e até
mesmo de uma certa... adoração!
A Igreja deve ser vista sempre sob
dois prismas: uma escola onde aprendemos as leis que regem o mundo
espiritual, e um hospital onde feridos de alma buscam cura. As pregações não são
teses de mestrado defendidas pelos pregadores, e sim lições (pelo menos em tese) que devem ser aplicadas no dia-a-dia
de todo e qualquer cristão que se auto-denomina "filho de
Deus".
Bom, o que é sabedoria? O dicionário
traz que o termo significa "1. Grande conhecimento; erudição, saber, ciência.
2. Qualidade de sábio.
3. Prudência, moderação, temperança,
sensatez, reflexão. 4.
Conhecimento justo das coisas; razão.
5. Ciência (2), segundo a concepção dos antigos. 6. Rel. Conhecimento inspirado nas coisas
divinas e humanas. 7. Bras. Pop. Qualidade de sabido (4); esperteza, astúcia, manha.".
O que, evidentemente, não cabe dentro do ponto de vista que
quero explorar.
Em síntese,
a sabedoria é o resultado da interação
entre o conhecimento e a experiência. O conhecimento e a experiência
são necessários à
aquisição da sabedoria. Contudo, o conhecimento e a experiência não
são garantia de que nos tornaremos sábios. É relativamente comum vermos pessoas
que já estão há
muitos anos na obra. Tem um profundo conhecimento bíblico, e sofreram muito por causa da igreja (e na igreja).
Contudo, continuam sendo impulsivas, grossas, ríspidas,
fofoqueiras, e... insensatas. Usam o púlpito
para externar a sua insatisfação; defendem ou ensinam uma visão distorcida da Bíblia,
contrária ao Espírito de Deus. Falam demais, e,
principalmente quando e onde nada deveriam falar. As suas palavras são ferinas, cortantes, lascadas, pontiagudas, algumas vezes,
com algum fel (amargor) ou peçonha (veneno). Você deve conhecer alguém
nesta situação. Infelizmente.
A sabedoria, repita-se, portanto, é o que sobra quando aprendemos alguma coisa de
bom com o que acontece conosco ou ao nosso derredor, analisando os
acontecimentos à luz da Bíblia. Desta forma, se não aprendemos nada (pelo nada de bom)
com o que acontece conosco, jamais seremos sábios.
E, mesmo que nos aconteçam tantas coisas (boas ou más), se não as analisarmos dentro da Palavra de
Deus, de igual modo não nos tornaremos sábios. Daí a necessidade, repita-se, de
conhecermos a Palavra de Deus. E também
a necessidade de extrairmos alguma coisa com a benção ou, principalmente, as maldições,
que encontramos em nosso vida diária.
Sabedoria são as flores que a experiência
nos faz colher ao longo de nossa jornada sobre a terra. Seja sábio: colha as flores que brotam com as experiências porque estas flores são
deixadas de serem colhidas por aqueles que já
se julgam sábias.
Sabe, a sabedoria transforma as
pessoas. À medida em que vão
se tornando sábias (ou mais sábias),
vão sendo transformadas, adquirindo as características que identificam um sábio.
E como ainda temos espaço e tempo para falar sobre as qualidades
que identificam um sábio, partindo-se do princípio de que pelos frutos se conhece a árvore. No mundo temos algumas lições sobre a sabedoria. Por exemplo: fala apenas o necessário. Não mais do que isso. Quem fala muito não demonstra sabedoria.
A Bíblia
diz que o tolo expande toda a sua ira (Pv.29:11). E que peca quem age sem
refletir (Pv.19:2). Sábios são
ponderados, comedidos, firmes em suas decisões,
inabaláveis em sua convicção.
Não condenam sem antes fazer um apanhado geral da situação (não julgará
conforme o olhar de seus olhos - Isaísas
11:3) E o mais importante para nós,
cristãos, é que os sábios amam a quem os repreende (Pv.9:8). Não ficam explicando o motivo e a razão de terem feito isto ou aquilo.
Se eu sou sábio? Uma outra característica
dos sábios é que seus próprios jamais o louvam (Pv.27:2).
Se clamares por entendimento e por
inteligência alçares
a sua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondido a procurares,
então entenderás
o temos do Senhor, e acharás
o conhecimento de Deus. (Pv.2:3-5)