- Escrito por Francisco Ferreira
Estamos num patamar evolutivo bem avançado no nível tecnológico. Enquanto isso, em outras instâncias, parece que regredimos mais a cada dia.
Olhe para a conduta ética e moral do ser humano e você verá que estamos no patamar praticamente instintivo, típico do homem pré-histórico.
Fatores como o egocentrismo, a maldade, o ódio e a inveja, oriundos de uma mentalidade ignorante e animalesca, coloca-nos a anos luz de distância do sonho de reencontrar o Sagrado dentro de nós.
Infelizmente, a humanidade ainda cultua uma mediocridade insana. Basta observar como as pessoas comuns vibram com a tragédia alheia.
O alto ibope dos jornais sensacionalistas, novelas e reality shows que dão ênfase à discórdia, à maldade e à vingança são prova disso.
Muitas pessoas ainda se ressentem com o sucesso alheio e não gostam nem um pouco quando os outros chegam à sua frente em qualquer nível da vida.
E, quando alguém procura ser melhor, logo tentam encontrar algo de errado com essa pessoa. Veja o que aconteceu com Jesus Cristo, por exemplo. Agora, pense no que aconteceria com Ele nos dias de hoje. Seria diferente?
Todos nós fomos moldados por um corpo social emocionalmente doente. Assim, inconscientemente, passamos a condenar o sucesso, a alegria, o prazer e a felicidade alheia, talvez como forma de justificar nossos próprios fracassos.
Cultivamos o egoísmo e, de quebra, a filosofia da competição. Por conta disso, mortificamos o infinito potencial criador dentro de nós e nos enclausuramos em nossa pequena embalagem física, limitando-nos e, ao mesmo tempo, condenando todos aqueles que ousam ir além.
Como disse certa ocasião o escritor e crítico social britânico John Ruskin: “Quando um homem está envolvido em si mesmo, ele se torna um pacote muito pequeno".
De todas as emoções vis que nos aprisionam e nos limitam, creio que a mais famigerada seja a inveja. Esse sentimento é capaz de corroer a alma de quem o possui, tornando o invejoso incapaz de perceber tamanha destruição que isso lhe causa, no nível do processo evolutivo.
A inveja pode ser caracterizada como sendo o desejo em obter o que o outro possui, tanto em termos materiais quanto em qualidades e virtudes.
Tal sentimento naturalmente gera a autodestruição do portador. Mas, o pior é quando isso chega ao nível da ação do praticante que, incapaz de aceitar o sucesso alheio, tece estratégias ordinárias e mesquinhas para tentar derrubar o seu oponente imaginário.
Assim, o invejoso pode até destruir sua vítima por meio da fofoca, da crítica, da mentira, da calúnia e da difamação.
É fácil reconhecer uma pessoa invejosa. É sempre alguém demasiadamente egocêntrico. Basta contar-lhe algo sobre o brilho e o sucesso de alguma pessoa bem próxima e observar suas reações.
Olhe em seus olhos e note que seu semblante muda de forma perceptível, a voz embarga e às vezes chega até a passar mal.
Se pudéssemos olhar o que se passa por dentro, no corpo do invejoso, notaríamos uma descarga de hormônios maléficos que desestrutura todo o seu sistema imunológico.
No nível espiritual, enxergaríamos uma nuvem negra e tenebrosa à sua volta, resultante da vibração distorcida e negativa gerada por tal sentimento.
O Aprendiz dos bons hábitos sabe que a inveja é um sentimento repugnante capaz de matar aos poucos quem a possui por conta dos eflúvios negativos que a mesma faz reverberar na alma.
Ora, o invejoso carrega consigo um descontentamento mórbido a nível inconsciente, provocado pela tristeza, pela dor e pelo ódio. Isso, além de mortificar o corpo, a longo prazo anula o espírito do praticante, transformando num verdadeiro zumbi.
O caminho do autoconhecimento só pode ser iniciado após o Aprendiz dos bons hábitos ter suprimido dentro de si mesmo o maldito sentimento da inveja.
Isso implica em compreender e praticar profundamente o desapego, tendo por filosofia o amor pela vida, pelo próximo e pelo Criador de todas as coisas.
Muitas vezes convivemos com o invejoso e não percebemos. Isso pode até ser um bom sinal. Mostra que não comungamos com esse sentimento.
No entanto, sempre é bom procurar reconhecer quem convive com você. Caso desconfie de alguém bem próximo, basta fazer o teste indicado acima. Conte algum sucesso seu olhando nos olhos do outro. Se houver inveja, verá emergir um aspecto sombrio, por conta das reações emocionais provocadas por esse sentimento infame.
Observe as pessoas à sua volta e procure ficar longe dos invejosos. Isso, obviamente não pode ser feito no nível físico. Não precisamos sair de onde estamos para nos livrar dos perigos da inveja e da cobiça.
O segredo consiste em criar uma armadura invisível em torno de nós, através da transcendência. Ou seja: precisamos acreditar na Providência Divina, tomando consciência de que, além daquilo que vemos e experimentamos sensorialmente, existe uma Força Infinita Toda Poderosa que pode nos proteger a cada instante, enquanto nos mantivermos sintonizados ao bom, ao belo e ao justo.
Mas eu confiei em ti, Senhor; e disse: Tu és o meu Deus. Salmos 31:14
Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no Senhor. Salmos 4:5
Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. Salmos 91:2
Confiai no SENHOR perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é uma rocha eterna. Isaías 26:4