terça-feira, 5 de novembro de 2019

O JEJUM


           

O Jejum

 O jejum é a abstinência total ou parcial de alimentos por um período definido e propósito específico. Tem sido praticado pela humanidade em praticamente todas as épocas, nações, culturas e religiões. Pode ser com finalidade espiritual ou até mesmo medicinal, visto que o jejum traz tremendos benefícios físicos com a desintoxicação que produz no corpo. Mas nosso enfoque é o jejum bíblico.
Muitos cristãos hoje desconhecem o que a Bíblia diz acerca do jejum. Ou receberam um ensino distorcido ou não receberam ensinamento algum sobre este assunto. Creio que a Igreja de hoje vive dividida entre dois extremos: aqueles que não dão valor algum ao jejum e aqueles que se excedem em suas ênfases sobre ele. Penso que Deus queira despertar-nos para a compreensão e prática deste princípio que, sem dúvida, é uma arma poderosa para o cristão.
Não há regras fixas na Bíblia sobre quando jejuar ou qual tipo de jejum praticar, isto é algo pessoal. Mas a prática do jejum, além de ser recomendação bíblica, traz consigo alguns princípios que devem ser entendidos e seguidos.

1) A BÍBLIA ORDENA O JEJUM?
Não. No Velho Testamento, na lei de Moisés, os judeus tinham um único dia de jejum instituído: o do Dia da Expiação (Lv.23:27), que também ficou conhecido como "o dia do jejum" (Jr.36:6) e ao qual Paulo se referiu como "o jejum" (At.27:9). Mas em todo o Velho e Novo Testamento não há uma única ordem acerca de jejuarmos. Contudo, apesar de não haver um imperativo acerca desta prática, a Bíblia esta cheia de menções ao jejum. Fala não apenas de pessoas que jejuaram e da forma como o fizeram, mas infere que nós também jejuaríamos e nos instrui na forma correta de faze-lo.
Muitos ensinadores falharam de maneira grave ao dizer que, por não haver nenhuma ordem específica para o jejum, então não devemos jejuar. Mas quando consideramos o ensino de Jesus sobre o jejum, não há como negar que o Mestre esperava que jejuássemos:
"Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." (Mt.6:16-18).
Embora Jesus não esteja mandando jejuar, suas palavras revelam que ele esperava de nós esta prática. Ele nos instruiu até na motivação correta que se deve ter ao jejuar. E quando disse que o Pai recompensaria a atitude correta do jejum, nos mostrou que tal prática produz resultados!
Algumas pessoas dizem que se as epístolas não dizem nada sobre jejuar é porque não é importante, e desprezam o ensino de Jesus sobre o jejum. Isto é errado! Jesus não veio ensinar os judeus a viverem bem a Velha Aliança, Ele veio instituir a Nova Aliança, e todos os seus ensinos apontavam para as práticas dos cidadãos do reino de Deus. Quando estava para ser assunto ao céu, deu ordem aos seus apóstolos que ensinassem as pessoas a guardar TUDO o que Ele tinha ordenado (Mt.28:20), inclusive o modo correto de jejuar!
O próprio Jesus praticou o jejum, e lemos em Atos que os líderes da Igreja também o faziam. Registros históricos dos pais da igreja também revelam que o jejum continuou sendo observado como prática dos crentes muito tempo depois dos apóstolos. O jejum, portanto, deve ser parte de nossas vidas e praticado de forma equilibrada, dentro do ensino bíblico.
Embora o próprio Senhor Jesus tenha jejuado por quarenta dias e quarenta noites no deserto, e muitas vezes ficava sem comer (quer por falta de tempo ministrando ao povo - Mc.6:31, quer por passar as noites só orando sem comer - Mc.6:46), devemos reconhecer que Ele e seus discípulos não observavam o jejum dos judeus de seus dias (exceto o do dia da Expiação). Era costume dos fariseus jejuar dois dias por semana (Lc.18:12), mas Jesus e seus discípulos não o faziam. Aliás chegaram a questionar Jesus acerca disto:
"Disseram-lhe eles: Os discípulos de João e bem assim os fariseus freqüentemente jejuam e fazem orações; os teus, entretanto, comem e bebem. Jesus, porém, lhes disse: Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o noivo? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim, jejuarão." (Lc.5:33-35).
O Mestre mostrou não ser contra o jejum, e disse que depois que Ele fosse "tirado" do convívio direto com os discípulos (voltando ao céu) eles haveriam de jejuar. Jesus não se referiu ao jejum somente para os dias entre sua morte e ressurreição/reaparição aos discípulos (ao mencionar os dias que eles estariam sem o noivo), e sim aos dias a partir de sua morte. Contudo, Jesus deixou bem claro que a prática do jejum nos moldes do que havia em seus dias não era o que Deus esperava. A motivação estava errada, as pessoas jejuavam para provar sua religiosidade e espiritualidade, e Jesus ensinou a faze-lo em secreto, sem alarde.
Sabe, o jejum pode ser uma prática vazia se não for feito de maneira correta. Isto aconteceu nos dias do Velho Testamento, quando o povo começou a indagar:
"Por que jejuamos nós, e não atentas para isto? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta?" (Is.58:3a).
E a resposta de Deus foi exatamente a de que estavam jejuando de maneira errada:
"Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e para rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto." (Is.58:3b,4).
Por outro lado, o versículo está inferindo que se observado de forma correta, Deus atentaria para isto e a voz deles seria ouvida.

2) O PROPÓSITO DO JEJUM
Gosto de uma afirmação de Kenneth Hagin acerca do jejum: "O jejum não muda a Deus. Ele é o mesmo antes, durante e depois de seu jejum. Mas, jejuar mudará você. Vai lhe ajudar a manter-se mais suscetível ao Espírito de Deus". O jejum não tornará Deus mais bondoso ou misericordioso para conosco, ele está ligado diretamente a nós, à nossa necessidade de romper com as barreiras e limitações da carne. O jejum deixará nosso espírito atento pois mortifica a carne e aflige nossa alma.
Jesus deixou-nos um ensino precioso acerca disto quando falava sobre o jejum:
"Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos." (Mc.2:22).
O odre era um recipiente feito com pele de animais, que era devidamente preparada mas, com o passar do tempo envelhecia e ressecava. O vinho, era o suco extraído da uva que fermentava naturalmente dentro do odre. Portanto, quando se fazia o vinho novo, era sábio colocá-lo num recipiente de pele (o odre) que não arrebentasse na hora em que o vinho começasse a fermentar, e o melhor recipiente era o odre novo. Com essa ilustração Jesus estava ensinado-nos que o vinho novo que Ele traria (o Espírito Santo) deveria ser colocado em odres novos, e o odre (ou recipiente do vinho) é nosso corpo. A Bíblia está dizendo com isto que o jejum tem o poder de "renovar" nosso corpo. A Escritura ensina que a carne milita contra o espírito, e a melhor maneira de receber o vinho, o Espírito, é dentro de um processo de mortificação da carne.
Creio que o propósito primário do jejum é mortificar a carne, o que nos fará mais suscetíveis ao Espírito Santo. Há outros benefícios que decorrerão disto, mas esta é a essência do jejum.
Alguns acham que o jejum é uma "varinha de condão" que resolve as coisas por si mesmo, mas não podemos ter o enfoque errado. Quando jejuamos, não devemos crer NO JEJUM, e sim em Deus. A resposta às orações flui melhor quando jejuamos porque através desta prática estamos liberando nosso espírito na disputada batalha contra a carne, e por isso algumas coisas acontecem.
Por exemplo, a fé é do espírito e não da carne; portanto, ao jejuar estamos removendo o entulho da carne e liberando nossa fé para se expressar. Quando Jesus disse aos discípulos que não puderam expulsar um demônio por falta de jejum (Mt.17:21), ele não limitou o problema somente a isto mas falou sobre a falta de fé (Mt.17:19,20) como um fator decisivo no fracasso daquela tentativa de libertação. O jejum ajuda a liberar a fé! O que nos dá vitória sobre o inimigo é o que Cristo fez na cruz e a autoridade de seu nome. O jejum em si não me faz vencer, mas libera a fé para o combate e nos fortalece, fazendo-nos mais conscientes da autoridade que nos foi delegada.
Mas apesar do propósito central do jejum ser a mortificação da carne, vemos vários exemplos bíblicos de outros motivos para tal prática:
a) No Velho Testamento encontramos diferentes propósitos para o jejum:
Consagração – O voto do nazireado envolvia a abstinência/jejum de determinados tipos de alimentos (Nm.6:3,4);
Arrependimento de pecados – Samuel e o povo jejuando em Mispa, como sinal de arrependimento de seus pecados (I Sm.7:6, Ne.9:11);
Luto – Davi jejua em expressão de dor pela morte de Saul e Jônatas, e depois pela morte de Abner. (II Sm.1:12 e 3:35);
Aflições – Davi jejua em favor da criança que nascera de Bate-Seba, que estava doente, à morte (II Sm.12:16-23); Josafá apregoou um jejum em todo Judá quando estava sob o risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas (II Cr.20:3);
Buscando Proteção – Esdras proclamou jejum junto ao rio Ava, pedindo a proteção e benção de Deus sobre sua viagem (Ed.8:21-23); Ester pede que seu povo jejue por ela, para proteção no seu encontro com o rei (Et.4:16);
Em situações de enfermidade – Davi jejuava e orava por outros que estavam enfermos (Sl.35:13);
Intercessão – Daniel orando por Jerusalém e seu povo (Dn.9:3, 10:2,3)
b) Nos Evangelhos
Preparação para a Batalha Espiritual – Jesus mencionou que determinadas castas só sairão por meio de oração e jejum, que trazem um maior revestimento de autoridade (Mt.17:21);
Estar com o Senhor – Ana não saía do templo, orando e jejuando freqüentemente (Lc.2:37);
Preparar-se para o Ministério – Jesus só começou seu ministério depois de ter sido cheio do Espírito Santo e se preparado em jejum (prolongado) no deserto (Lc.4:1,2);
c) Em Atos dos Apóstolos vemos a Igreja praticando o jejum em diversas situações, tais como:
Ministrar ao Senhor – Os líderes da igreja em Antioquia jejuando apenas para adorar ao Senhor (At.13:2);
Enviar ministérios – Na hora de impor as mãos e enviar ministérios comissionados (At.13:3);
Estabelecer presbíteros – Além de impor as mãos com jejum sobre os enviados, o faziam também sobre os que recebiam autoridade de governo na igreja local, o que revela que o jejum era um princípio praticado nas ordenações de ministros (At.14:23).
d) Nas Epístolas só encontramos menções de Paulo de ter jejuado (II Co.6:3-5; 11:23-27).

3) DIFERENTES FORMAS DE JEJUM
Há diferentes formas de jejuar. As que encontramos na Bíblia são:
a) Jejum PARCIAL. Normalmente o jejum parcial é praticado em períodos maiores ou quando a pessoa não tem condições de se abster totalmente do alimento (por causa do trabalho, por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum no livro de Daniel:
"Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se passaram as três semanas." (Dn.10:2,3).
O profeta Daniel diz exatamente o quê ficou sem ingerir: carne, vinho e manjar desejável. Provavelmente se restringiu à uma dieta de frutas e legumes, não sabemos ao certo. O fato é que se absteve de alimentos, porém não totalmente. E embora tenha escolhido o que aparentemente seja a forma menos rigorosa de jejuar, dedicou-se à ela por três semanas. Em outras situações Daniel parece ter feito um jejum normal (Dn.9:3), o que mostra que praticava mais de uma forma de jejum. Ao fim deste período, um anjo do Senhor veio a ele e lhe trouxe uma revelação tremenda. Declarou-lhe que desde o primeiro dia de oração o profeta já fora ouvido (v.12), mas que uma batalha estava sendo travada no reino espiritual (v.13) o que ocorreria ainda no regresso daquele anjo (v.20). Aqui aprendemos também sobre o poder que o jejum tem nos momentos de guerra espiritual.
b) Jejum NORMAL. É a abstinência de alimentos mas com ingestão de água. Foi a forma que nosso Senhor adotou ao jejuar no deserto. Cresci ouvindo sobre a necessidade de se jejuar bebendo água; meu pai dizia que no relato do evangelho não há menção de Cristo ter ficado sem beber ou ter tido sede (e ele estava num deserto!):
"Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome." (Mt.4:2).
Denominamos esta forma de jejum como normal, pois entendemos ser esta a prática mais propícia nos jejuns regulares (como o de um dia).
c) Jejum TOTAL. É abstinência de tudo, inclusive de água. Na Bíblia encontramos poucas menções de ter alguém jejuado sem água, e isto dentro de um limite: no máximo três dias. A água não é alimento, e nosso corpo depende dela a fim de que os rins funcionem normalmente e que as toxinas não se acumulem no organismo. Há dois exemplos bíblicos deste tipo de jejum, um no Velho outro no Novo Testamento:
Ester, num momento de crise em que os judeus (como povo) estavam condenados à morte por um decreto do rei, pede a seu tio Mardoqueu que jejuem por ela:
"Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci." (Et.4:16).
Paulo, na sua conversão também usou esta forma de jejum, devido ao impacto da revelação que recebera:
"Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu."(At.9:9).
Não há qualquer outra menção de um jejum total maior do que estes (a não ser o de Moisés e Elias numa condição diferente que explicaremos adiante). A medicina adverte contra um período de mais de três dias sem água, como sendo nocivo. Devemos cuidar do corpo ao jejuar e não agredi-lo; lembre-se de que estará lutando contra sua carne (natureza e impulsos) e não contra o seu corpo.

4) A DURAÇÃO DO JEJUM
Quanto tempo deve durar um jejum? A Bíblia não determina regras deste gênero, portanto cada um é livre para escolher quando, como e quanto jejua.
Vemos vários exemplos de jejuns de duração diferente nas Escrituras:
1 dia - O jejum do Dia da Expiação
3 dias - O jejum de Ester (Et.4:16) e o de Paulo (At.9:9);
7 dias - Jejum por luto pela morte de Saul (I Sm.31:13);
14 dias - Jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio (At.27:33);
21 dias - O jejum de Daniel em favor de Jerusalém (Dn.10:3);
40 dias - O jejum do Senhor Jesus no deserto (Lc.4:1,2);
OBS: A Bíblia fala de Moisés (Ex.34:28) e Elias (I Re.19:8) jejuando períodos de quarenta dias. Porém vale ressaltar que estavam em condições especiais, sob o sobrenatural de Deus. Moisés nem sequer bebeu água nestes 40 dias, o que humanamente é impossível. Mas ele foi envolvido pela glória divina. O mesmo se deu com Elias, que caminhou 40 dias na força do alimento que o anjo lhe trouxe. Isto é um jejum diferente que começou com um belo "depósito", uma comida celestial. Jesus, porém, fez um jejum normal com esta duração.
Muitas pessoas erram ao fazer votos ligados à duração do jejum... Não aconselho ninguém fazer um voto de quanto tempo vai jejuar, pois isso te deixará "preso" no caso de algo fugir ao seu controle. Siga o conselho bíblico:
"Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras". (Ec.5:4,5)
É importante que haja uma intenção e um alvo quanto à duração do jejum no coração, mas não transforme isto em voto. Já intentei jejuns prolongados e no meio do caminho fui forçado a interromper. Mas também já comecei jejuns sem a intenção de prolongá-lo e, no entanto, isto acabou acontecendo mesmo sem ter feito os planos para isto.

5) O JEJUM PROLONGADO
Há algo especial num jejum prolongado, mas deve ser feito sob a direção de Deus (as Escrituras mostram que Jesus foi guiado pelo Espírito ao seu jejum no deserto – Lc.4:1). Conheço irmãos que tem jejuado por trinta e até quarenta dias, embora eu, pessoalmente, não tenha feito um jejum tão longo. Cada um deles confirma ter recebido de Deus uma direção para tal.
Vale ressaltar também que certos cuidados devem ser tomados. Não podemos brincar com o nosso corpo. Uma dieta para desintoxicação do organismo antes do jejum é recomendada, e também na quebra do jejum prolongado (mais de 3 dias). Procure orientação e acompanhamento médico se o Senhor lhe dirigir a um jejum deste gênero. Há muita instrução na forma de literatura que também pode ser adquirida.

6) PODEMOS FALAR QUE ESTAMOS JEJUANDO ?
Algumas pessoas são extremistas quanto a discrição do jejum, enquanto outras, à semelhança dos fariseus, tocam trombeta diante de si. Em Mateus 6:16-18, Jesus condena o exibicionismo dos fariseus querendo parecer contristados aos homens para atestar sua espiritualidade. Ele não proibiu de se comentar sobre o jejum, senão a própria Bíblia estaria violando isto ao contar o jejum que Jesus fez... Como souberam que Cristo (que estava sozinho no deserto) fez um jejum de quarenta dias? Certamente porque Ele contou! Não saiu alardeando perante todo mundo, mas discretamente repartiu sua experiência com os seus discípulos.
Eu, particularmente, comecei a jejuar estimulado pelo relato das experiências de outros irmãos. Depois é que comecei (aos poucos) a entender o ensino bíblico sobre o jejum. E louvo a Deus pelas pessoas que me estimularam! Sabe, precisamos tomar cuidado com determinadas pessoas que não tem o que acrescentar à nossa edificação e somente atacam e criticam. Lembro-me que o primeiro jejum que fiz na minha adolescência: cortei só o almoço mas tomei um refrigerante para não "sofrer" muito; fiz isto para orar por um amigo que queria ver batizado no Espírito Santo. Aquele rapaz já havia recebido tanta oração, mas nada havia acontecido ainda. Portanto, jejuei e orei em seu favor. Hoje sei que não foi grande coisa mas, na época, foi o meu melhor. Pois bem, alguém ficou sabendo e me ridicularizou, disse que jejum de verdade era ficar o dia todo sem comer nada e bebendo no máximo um pouco de água; esta pessoa disse que eu estava perdendo meu tempo e que só fizera um "regimezinho", pois o verdadeiro jejum não admitia nem bala açucarada na boca, quanto mais um refrigerante!... mas naquele dia meu amigo foi cheio do Espírito Santo e preferi acreditar que o jejum funcionava.
Depois ouvi outros irmãos comentarem sobre jejuar mais de um dia e "fui atrás" , e assim, aos poucos, fui aprendendo (a jejuar e sobre o jejum) aquilo que não aprendi na igreja ou na literatura cristã. Penso que de forma sábia e cuidadosa podemos estimular outros à prática do jejum, basta partilharmos nossas experiências e incentiva-los.

CONCLUSÃO
Haverá períodos em que o Espírito Santo vai nos atrair mais para o jejum, e épocas em que quase não sentiremos a necessidade de faze-lo. Já passei anos sem receber nenhum impulso especial para jejuns de mais de três dias e, mesmos estes, foram poucos. E houve épocas em que, seguidamente sentia a necessidade de faze-lo. Porém, penso que o jejum normal de um dia de duração é algo que os cristãos deveriam praticar mais, mesmo sem sentir nenhuma "urgência" espiritual para isto.
Quando meu filho Israel estava para nascer, o Senhor trouxe um profundo peso de oração e intercessão ao meu coração. Sabia que devia jejuar; era uma "urgência" dentro de mim. Não ouvi uma voz sobrenatural, não tive nenhuma visão ou sonho a respeito, simplesmente sabia que tinha de jejuar até romper algo, e o fiz por seis dias. Ao final soube que havia alcançado uma vitória. 
Na ocasião do parto, minha esposa teve uma complicação e quase perdemos nosso primeiro filho; contudo, a batalha já havia sido ganha e o poder de Deus prevaleceu. Devemos ser sensíveis e seguir os impulsos do Espírito de Deus nesta área. Isto vale não só para começar a jejuar mas até para quebrar o jejum. Já fiz jejuns que queria prolongar mais e senti que não deveria faze-lo, pois a motivação já não era mais a mesma...
Encerro desafiando-o a praticar mais o jejum, e certamente você descobrirá que o poder desta arma que o Senhor nos deu é difícil de se medir com palavras. A experiência fortalecerá aquilo que temos dito. Que o Senhor seja contigo e te guie nesta prática!

Luciano Subirá

O GRANDE LOUVOR




O Grande Louvor

Todos sabemos que o livro de Salmos é uma coletânea de Cânticos de Louvor. Mas há um grupo deles que são especialmente importantes: os salmos 113-118 e 136, os quais os judeus chamam de “O Grande Hallel”, ou, podemos dizer, O Louvor Maior.

Para estimular você no seu louvor a Deus, sugerimos que você leia esses salmos repetidas vezes (de preferência em voz alta) e vamos comentar alguns trechos deles para finalizar essas considerações sobre o Louvor.

Observe quem deve louvar a Deus:

1) O desvalido e necessitado:
“Quem há semelhante ao Senhor nosso Deus, cujo trono está nas alturas; o que Se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a Terra? Ele ergue do pó o desvalido, e do montouro, o necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do Seu povo. Faz que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de filhos. Aleluia!” - Salmo 113:5-9

2) Aquele que é salvo por Deus:
“Quando saiu Israel do Egito, e a casa de Jacó do meio de um povo de língua estranha, Judá se tornou o Seu santuário, e Israel o Seu domínio. O mar viu isso, e fugiu; o Jordão tornou atrás. Os montes saltaram como carneiros, as colinas como cordeiros do rebanho” - Salmo 114:1-4.

Nota: Por isso Deus diz a você: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hebreus 13:5,6). Você é “povo de propriedade exclusiva de Deus” (1 Pedro 2:9) e  “templo de Deus” (1 Cor. 3:16,17).

3) O angustiado, na tribulação:
“Amo o Senhor... porque inclinou para mim os Seus ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver. Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim: caí em tribulação e tristeza. Então invoquei o nome do Senhor: Ó Senhor, livra-me a alma... achava-me prostrado, e Ele me salvou. Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo. Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas os meus olhos, da queda os meus pés” - Salmo 116:1-8

4) O enfermo:
“O Senhor é a minha força... a destra do Senhor faz proezas. A destra do Senhor se eleva, a destra do Senhor faz proezas. Não morrerei, antes viverei e contarei as obras do Senhor” - Salmo 118:14-17.

5) Aquele que o inimigo ataca:
“O Senhor está comigo, não temerei; Que me poderá fazer o homem?... Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar no homem. Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar em príncipes... Cercaram-me, cercaram-me de todos os lados; mas em nome do Senhor os destruí... Empurraram-me violentamente para me fazer cair, porém o Senhor me amparou. O Senhor é a minha força e o meu cântico, porque Ele me salvou” - Salmo 118:6-14

Com isso esperamos ajudá-lo a entrar confiantemente na prática do louvor. A veste foi-lhe dada por Deus, a porta está aberta, Ele (Deus) deseja “reinar” em seu favor basta você criar, através do louvor e ações de graças, a condição para que o Deus tão grande se torne cada vez mais “presente” em sua vida.

Se você ler o Salmo 136, você verificará que todos nós temos muitos motivos para louvar ao Senhor e dar-Lhe graças por sua misericórdia para conosco.

O louvor no coração e na boca lhe será maravilhosamente útil se você se exercitar nele. Não deixe que satanás o prive (lhe roube) dessa bênção!



A UNIÃO RESULTA EM FEITOS




A UNIÃO RESULTA EM FEITOS

Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento,   compassivos cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes (1 Pedro 3.8) 

Quantos ideais de singular importância  tem  sido  desfeitos pela disparidade de sentimentos e pela inversão de  valores. 

Quantas  realizações   estão  sendo  adiadas,    com    sérios prejuízos para os lares, igrejas,   entidades  sociais,   pela falta de um direcionamento unânime nos  planos  e  alvos  de interesse comum. 

É necessário que  se  cultive  a  união,   o respeito mutua para que possamos todos  chegar  a  um  mesmo denominador, em todas as áreas que atingem  o  bem-estar  de uma coletividade. 

VEJA ESTA ILUSTRAÇÃO: 

Depois de longas horas de um violento temporal, o pequeno  e frágil navio foi a   pique;   entretanto,   toda  a  tripulação conseguiu salvar-se através de um bote. 

Eram aproximadamente vinte homens, que finalmente foram dar a praia de   uma  ilha deserta. 

O inverno os castigava  e  sentiam-se   enregelados. Alguma  coisa  precisava  ser  feita   para     garantir    a sobrevivência do grupo. 

Decidiram que, antes de  mais  nada, uma fogueira teria de ser providenciada. 

Os mais   ativos  ou mais dispostos puseram-se a juntar galhos  e  ramagens   mais secas,   formando  um  amontoado  que  em  pouco   tempo    Já representou  a  grande  possibilidade   de    uma    fogueira razoavelmente grande. 

Entretanto, faltava o mais importante, porque, para que ela os aquecesse,   era   imprescindível  que nela se ateasse fogo. 

E agora? Como resolver esse Impasse se os  seus  pertences   pereceram,   na  sua  quase  totalidade, juntamente com o navio que  naufragou.  

Fez-se,   então,   uma cuidadosa busca  entre   os  náufragos  e  constataram  haver apenas uma caixa de fósforos contendo  um  único  palito  em condições de produzir   fogo.  

Esse  fósforo  único  seria  a salvação de todo o grupo... Mas como acende-lo com segurança naquela noite  de  rigoroso inverno.  

Ao   relento  e  com  ventos  soprando  rápidos   e cortantes? 

Se houvesse uma falha  na  operação,   todos  eles morreriam ali, fatalmente. Decidiram, então, formar ao redor do amontoado de galhos e ramagens   semi-secas,   um  circulo: todos bem unidos, tão juntos que o vento por mais forte  que assoprasse não poderia penetrar. 

E foi ai que um dos homens, com toda a precaução, riscou aquele fósforo e, chegando-o as ramagens menos úmidas, acendeu a   fogueira.  

Inicialmente  a fumaça tentou  sufoca-los,   mas   pouco  a  pouco  as  chamas crepitantes. 

Estalando como   se  fossem  pequenos  fogos  de artifício, traziam no seu estalar uma doce mensagem de vida. 

Todos juntos, unidos, sem brechas--eis ai a solução para  se conseguir realizar projetos e efetivações que se traduzem em beneficio geral. 

Um mesmo sentimento único degrau que nos permite chegar  ao cimo das realizações humanitárias e espirituais.

O CALVÁRIO




O CALVÁRIO 

O texto para esta mensagem encontra-se no evangelho segundo São Lucas 23:33 e 34: 

"Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali O crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes".

Três cruzes se projetam no horizonte. No meio está o Senhor Jesus; do lado direito um ladrão e do lado esquerdo outro ladrão (Dimas e Gestas). Jesus morreu do jeito que sempre viveu. Veio a este mundo para buscar os pecadores. Viveu entre eles para poder alcançá-los, perdoá-los e transformá-los. E quando chegou a hora de morrer, morreu crucificado entre eles. E você pode vê-Lo aí, na hora da agonia.

Quando uma pessoa está para morrer, todos querem ouvir o que ele tem a falar. Jesus ora, mantendo comunhão com Aquele de quem veio toda a Sua força para poder viver uma vida vitoriosa nesta terra. Ele começou Seu ministério em oração e termina Seu ministério também em oração.

Ninguém pode sobreviver vitoriosamente nesta vida se não aprender a viver como Jesus, ou seja, dependendo constantemente do Pai, colocando a vida aos pés do Pai, recebendo a força do Pai.

Sabem por que Jesus viveu uma vida vitoriosa nesta terra? Não porque era Deus. Quando Ele veio a esta terra Ele fez um pacto com Seu Pai: não usaria Seus poderes divinos sem o consentimento do Pai. Então Ele aprendeu a viver uma vida dependente do Pai. Aí estava o segredo de Sua vitória.

Sabe por que nós, às vezes, vivemos vidas derrotadas? Porque não aprendemos a depender do Pai como Jesus fazia.

"Pai" - disse Jesus na hora da morte. Tinha uma coroa de espinhos furando o Seu rosto, mas isso não O impedia de enxergar o amor de Seu pai. Suas mãos estavam pregadas numa cruz, não podiam mais curar pessoas, mas Ele podia orar. Seus pés não podiam mais andar para alcançar o pecador. Mas isso não O impedia de orar. Seus discípulos O tinham abandonado. Ele não podia mais ensinar-lhes. Mas isso não impedia Jesus de orar.
Às vezes, quando surgem dificuldades em nossa vida, o primeiro pensamento que nos assalta é o fato de que talvez Deus nos tenha abandonado. Talvez Deus tenha esquecido de nós. Jesus no meio do sofrimento, da dor, da agonia, da morte, perseguido, caçoado, insultado e sangrando, não permitiu que nada O impedisse de saber que Seu pai O amava e que olhava para Ele.

Você sente que todo mundo te abandonou? Sente-se solitário? E apesar disso tudo, você também é capaz de enxergar o rosto do Pai? Jesus o fez na cruz do Calvário. Sem amigos, abandonado pelos Seus discípulos, odiado pela multidão, castigado pelos soldados, acusado falsamente, crucificado injustamente, ferido, em agonia, era capaz de dizer: Pai, eu não Te vejo; está tudo escuro, mas sei que estás presente. Sei que estás aí.

Somos capazes de fazer isto?

Pensemos agora num outro aspecto do texto bíblico. Na hora da agonia Jesus clama a Seu Pai, mas não o faz pedindo ajuda. Se você estivesse condenado à morte por alguma enfermidade, com certeza se ajoelharia para orar e pediria que Deus lhe devolvesse a saúde, não é verdade? 

Se você estivesse desempregado, oraria a Deus pedindo que lhe desse um novo emprego, não o faria? E se você estivesse na prisão, com certeza pediria que Deus lhe devolvesse a liberdade.

Mas aí estava Jesus cravado numa cruz. Sua primeira palavra podia ter sido: "Pai, tira-me daqui, liberta-me, acalma minha dor". Ou como Pedro quando estava se afundando: "Senhor, salva-me". Mas na hora da agonia Jesus não ora por Ele, ora pelos outros. E não é por Seus amigos ou por Seus familiares ou por cidadãos bons. Sabe por quem ora? Pelos Seus inimigos, por aquele que O esbofeteia, por aquele que prega Suas mãos, por aquele que cospe em Seu rosto, por aquele outro que coloca a coroa de espinhos em Sua fronte. Jesus ora pelos Seus inimigos e pede que Deus lhes perdoe.

Na cruz do Calvário, Jesus vive o que pregou. No sermão do monte, Ele diz: "Perdoai os vossos inimigos". E na cruz Ele vive Sua mensagem. Sai da teologia, da beleza das palavras e entra na realidade do perdão, pratica o que pregou.
Pergunto: somos capazes de orar pelos nossos inimigos? Talvez, se você está vivendo bem, com um bom saldo no banco, com boa saúde, com toda a família unida. Nessas circunstâncias talvez você até se anime a orar pelos seus inimigos. Mas condenado à morte por uma doença, sem um centavo no bolso, com a família feita em pedaços e todo mundo contra você, seria capaz de orar pelos seus inimigos?

Porque é necessário perdoar, embora perdoar não seja sempre fácil. Na cruz, Jesus estava sofrendo, o sangue levava Sua vida gota a gota. Abandonado, esquecido pelos amigos, caçoado e insultado pelos inimigos, carregando o pecado de toda a humanidade, Ele experimentava um sofrimento mental, físico e espiritual profundo. E se Ele abrigasse em Seu coração mágoa por aquilo que as pessoas estavam lhe fazendo, o seu sofrimento seria maior.

Ao perdoar, Ele não somente estava praticando a teoria de Sua pregação, Ele estava também aliviando a Sua dor. Sabem por quê? Porque o perdão beneficia mais a quem perdoa do que aquele que é perdoado

É isto que você tem que colocar em sua mente. Se por algum motivo não é capaz de perdoar alguém que o traiu, que o machucou, fez algo que marcou terrivelmente sua vida. Se você estiver guardando rancor em seu coração, com certeza não tem paz, vive um inferno cada vez que vê aquela pessoa. Seu espírito se envenena. Você pode estar vivendo um momento feliz, mas quando aparece aquela pessoa, estraga tudo.
Mas você sabia que a outra pessoa não está nem ligando para o que você sente? O único que está sofrendo é você. 

Então, quando você perdoar, ele não ganha nada, mas você expulsa o veneno de sua vida. O veneno da mágoa não machuca nem um pouquinho seu inimigo, mas perturba a sua vida. O seu coração torna-se um depósito de lixo, porque a mágoa, o ódio, o rancor e o ressentimento, tudo isso é lixo. E quando você consegue olhar para o outro sem sentir mais mágoa, nem rancor, você se liberta. O maior beneficiado pelo perdão é a pessoa que oferece o perdão, não a que o recebe.

O último pensamento do texto que quero analisar hoje é o resultado final da oração de Jesus. Ele orou pelos piores seres humanos que existiam, aqueles que O estavam matando e que não queriam saber nada com Ele. Você pensa que a oração de Jesus não foi respondida? Acompanhe-me a Jerusalém, 40 dias depois da morte de Jesus.  Pedro está pregando, e aqueles homens que viram a morte de Jesus e que desde o ponto de vista humano nunca O aceitaram como Salvador, foram tocados pelo Espírito Santo.

E naquele dia foram batizados 3 mil. O importante é aceitar o sacrifício de Jesus na cruz, não interessa quem ou quantos...

Tem você um amigo por quem já orou, orou, e ele continua indiferente com relação a Jesus? Continue orando. Ore pelos piores, ore por aqueles que na sua opinião não têm mais remédio. Não perca o ânimo. Continue orando, continue suplicando, continue pedindo. Ele responderá a sua oração.

Poderia você neste momento vir comigo à cruz do Calvário e dizer: Senhor, foi por mim que entraste na agonia. Lá na cruz oraste por mim. Fui eu que te crucifiquei. Lá na cruz oraste por meu pai, por meu filho, por meu marido, por minha esposa. E se 40 dias depois, 3 mil pessoas se entregaram a Ti, por que não podes transformar o coração daquela pessoa por quem estou orando? 

E se você sentir que na cruz do Calvário Jesus orou por você, se você quiser reconhecer a Jesus como seu Salvador, se quiser entregar-lhe a vida e aceitar a Palavra de Deus e o plano que Deus tem para a sua vida; se quiser unir-se um dia à Igreja de Deus nesta terra através do santo batismo, se quando Cristo voltar você quiser estar presente vou lhe pedir que, você tome sua decisão aí onde está.
 

IDENTIFICANDO-ME COM CRISTO (PARTE 5)




IDENTIFICANDO-ME COM CRISTO

Bem-aventuranças - 5

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” - Mt 5.7

            A palavra grega que melhor exprime o amor de Deus é “ágape”. É o tipo de amor que leva uma pessoa a se sacrificar pela outra, mesmo que a outra rejeite seu sacrifício. O amor “ágape”, por isso, está mais centralizado na nossa vontade dos que em nossas emoções.

            Foi o amor “ágape” de Deus que levou Jesus a se fazer homem e morrer por nós; foi o amor “ágape” que levou Estevão a perdoar os que o apedrejaram. Uma faceta desse amor sacrificial é a “misericórdia”. Outras traduções para misericórdia podem ser: compaixão, amor terno. Por isso, misericórdia é a habilidade de se colocar “na pele” do outro. Habilidade para ver, sentir e pensar como o outro. É a habilidade de se colocar na situação do outro para poder se identificar totalmente  com a experiência triste que o outro está vivendo. O sinônimo de misericórdia é “compaixão” formada de duas palavras latinas:  “com” + “paixão” = “sofrer com”.

            Em resumo, o que Jesus está querendo dizer nessa bem-aventurança é: “Feliz o homem que se coloca “na pele” de outra pessoa até que veja, pense e sinta como se fosse ela.   É através desta identificação que ele poderá alcançá-la e ser misericordioso. O homem que assim procede será motivado a isso porque entende como Deus tem sido misericordioso em Jesus Cristo para com ele.

O povo grego considerava ser indigno para uma divindade se envolver com as condições desagradáveis de um ser humano. Os estóicos, que são uma espécie de seita entre os gregos, cultivavam a apatia (falta de sentimento). Pensavam que, se a situação de miséria do outro me comover, estarei me colocando debaixo do controle do outro. Isso é um conceito totalmente errado: a misericórdia é o controle de Deus sobre nossas emoções, motivações e ações para ajudar a quem estão em necessidade. Quando assim procedemos, estaremos demonstrando aos necessitados uma faceta do caráter de Deus.

            Temos que tomar cuidado para não confundir misericórdia com “sentir pena” da outra pessoa. Quando sentimos “pena” da outra pessoa, estamos julgando Deus de injusto. Tipo: “Coitado do homem, não merecia isso”. Sempre se lembrar que Deus é senhor de todas as circunstâncias da vida dos seus filhos. Ele apenas permite que lhe ocorram situações pelas quais seu filho vai crescer. - Rm 8.28,29; 2 Co 12.7-10.

            Texto clássico para “sentir pena” - Mt  16.21-23. Jesus havia predito que, ao ir a Jerusalém, seria preso, maltratado e  morto pelos judeus. Quando Pedro ouviu isso, disse: “Tem compaixão de ti, Senhor, isso de modo algum te acontecerá”.  Jesus disse a Pedro: “Arreda Satanás”. O diabo conseguiu falar através de Pedro, por causa de um falso sentimento de compaixão. O diabo se aproveitou disso para tentar demover Jesus da idéia de morrer voluntariamente na cruz.

2)  Exemplos de Cristo:
·      “O Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” - Jo 1.14.
·      “Vendo ele (Jesus) as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não tem pastor” - Mt 9.36
·      “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo - pela graça sois salvos.” Ef 2.4,5

3)  Exemplos de fiéis:
·      “Apedrejavam a Estevão que ...ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado”-  At 7.59,60.
·      2 Co 8.1- 4: os cristãos da Macedônia se compadeceram dos irmãos da Judeia que passavam fome.

4)  Atitudes positivas ma vida de quem se torna misericordioso:
·      Tem facilidade para perdoar a quem o prejudicou, feriu ou rejeitou.
·      Tem facilidade para compreender o amor de Deus por ele.
·      Tem facilidade para comunicar o amor de Deus aos outros - Pv 19.22: “O que torna agradável o homem é a sua misericórdia”.
5) Atitudes negativas na vida de quem não é misericordioso:
·      Ira :  “O iracundo levanta contendas, e o furioso multiplica as transgressões”  - Pv 29.22.
·      Espírito ferido: “O espírito firme sustém o homem na sua doença, mas o espírito abatido, quem o pode suportar”? - Pv 18.14.
·      Raiz de amargura: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando diligentemente porque ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura  que, brotando, vos perturbe e, por meio dela, muitos sejam contaminados” - Hb 12.14,15.


6)  Auto exame: (cada pessoa demonstra misericórdia de acordo com o seu dom ou ministério)
1.   Quando Deus desperta misericórdia em mim por outro, faço algo por essa pessoa? - Tg 2.15,16.
2.   Procuro servir as pessoas por pena ou por compaixão?
3.   Meu orgulho às vezes me impede de mostrar compaixão?
4.   Considero fraca a pessoa que mostra misericórdia?
5.   Geralmente as mulheres são mais misericordiosas do que os homens?
6.   Sinto-me culpado por me abster de mostrar misericórdia?
7.   A miséria dos outros normalmente desperta em mim sentimentos de misericórdia?
8.   Sou capaz de mostrar misericórdia por pessoas cujos problemas me irritam?
9.   Como expresso misericórdia?
10.  Faço do amor pelos outros o maior alvo de minha vida?
11.  Estou cooperando com Deus para me tornar um instrumento do seu perfeito amor?


7)  Bênçãos na vida de quem vai se tornando misericordioso.
1.   Estará se tornando luz do mundo. Por causa dos seus atos de misericórdia, muitos darão glória a Deus. Mt 5.14 -16.
2.   Estará se tornando sal da terra. O caráter de Deus estará se manifestando através deles e assim o nível moral da sociedade estará sendo purificado. O sal tem três utilidades: conserva, dá sabor e provoca sede - sede por uma vida mais santificada.
3.   Estará se tornando “o bom perfume de Cristo” - 2 Co 3.14,15.
4.   Alcançará misericórdia. Vai colher o que semeou - Gl  6.7-10.


8)  Passos e decisões para me tornar misericordioso:
     
1.   Aceitar Cristo como nosso Senhor e Salvador. Sem Cristo exerceremos misericórdia para nos sentirmos bem. Com Cristo procuraremos ser misericordiosos, mesmo que nos custe a vida.
2.   Reconhecer diante de Deus que não sou misericordioso.
3.   Em arrependimento diante de Deus, renunciar ao diabo que instilou em mim princípios e atitudes opostas à misericórdia: “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” - Fp 2.4.
4.   Constantemente contemplar a misericórdia que Deus usou para comigo, agradecendo e louvando a Deus por isso.
5.   Contemplar os atos de misericórdia praticados por Jesus e por outros fieis.
6.   Pedir a Deus um coração misericordioso.
7.   Praticar atos de misericórdia. No início serão pesados; mas com o passar do tempo se transformarão em alegria. Jesus prometeu: os misericordiosos alcançarão misericórdia.

 Bruno Marquardt 





DESCARREGANDO A ANSIEDADE E A PREOCUPAÇÃO

DESCARREGANDO A ANSIEDADE E A PREOCUPAÇÃO  A cruz do Calvário é o lugar onde podemos descarregar todas as nossa ansiedades e preocupações, t...