domingo, 10 de março de 2013

JUDÁ E TAMAR (UM PARENTESE NA HISTÓRIA)


(No capítulo 38 de Gênesis) vemos que abre-se um parênteses na história de José, iniciada no capítulo 37, que termina com a venda de José a Potifar, já no Egito.

A história de Judá e Tamar interrompe a história de José, porém é muito importante, pois fala do nascimento de Perez, um dos antepassados do rei Davi e de Jesus.

Os leitores da bíblia hoje em dia com certeza terão muitas dúvidas ao lerem este capítulo, pois ele nos mostra muitos costumes e normas de conduta utilizadas naquele tempo e que hoje nós ocidentais nem cogitaríamos a hipótese.

Logo no primeiro versículo, lemos que Judá se separou de sua família. Pelo momento que a história é contada - logo após terem vendido seu irmão JOSÉ - podemos supor que ele tenha preferido se afastar para não ter que conviver com o sofrimento de seu pai e sobretudo por causa da mentira que ocultava.

Judá, um dos filhos de Jacó, resolveu morar distante da sua família. Casou-se com uma mulher cananéia e teve filhos. Seu primeiro filho, chamado Er, casou-se com uma jovem de nome Tamar. Mas a Bíblia conta que Er "era perverso perante o Senhor, pelo que o Senhor o fez morrer" (Gênesis 38.7).

Naquela época, uma viúva sem filhos teria sérios problemas na vida. Ela estaria condenada à mendicância após a morte de seus pais, pois o marido era responsável pelo sustento e o filho, pela garantia da herança.

Após a morte de seu esposo, Tamar lutou pelo seu "direito de ter um filho" e sobretudo garantir os direitos de Er, seu esposo, em ter o seu nome preservado através de um descendente.

Em tais situações, era dever do cunhado perpetuar a linhagem de seu irmão falecido (lei do levirato) e a também prover o sustento e as necessidades da viúva.

Então, cumprindo-se a lei do levirato, Judá entrega Tamar a Onã, seu filho do meio. Por essa lei, o cunhado só poderia ter relações para gerar um herdeiro para o irmão falecido, sendo que após a concepção, ela seria novamente viúva e não poderia mais ter relações.

Onã porém agiu com mesquinhez, primeiro porque não queria ter que dividir sua herança com o filho que nasceria da cunhada (e a herança do primogênito, ou seja, do filho mais velho que faleceu, era dobrada). Segundo, porque queria continuar mantendo relações.

Então ele usou-se de um artifício para não engravidar a cunhada – derramava o sêmen na terra (COITO INTERROMPIDO). Tal atitude custou-lhe a vida. A Bíblia é clara em dizer que tal atitude não agradou ào Senhor, que o matou. foi muito mau aos olhos de Deus.

Entretanto, para Judá e sua esposa o problema não estava nos filhos – estava em Tamar. Já percebeu como nós temos a tendência de culpar outros pelos nossos problemas?

Como é difícil para nós analisar uma situação de maneira imparcial e reconhecer que a culpa não está em outras pessoas, mas em nós mesmos?

É muito mais fácil jogar a culpa no demônio do que assumir que o problema está em nós.

Vemos isso muito claramente no versículo 11. Judá não estava mais disposto a fazer cumprir a lei do levirato, entregando o filho mais novo para Tamar – ele achava que, de alguma forma, ela era a responsável pela morte de seus dois filhos mais velhos.

Entretanto, a lei do levirato prevê que, para continuar uma linhagem, o próprio pai poderia gerar filho com sua nora – e Judá sequer cogitou essa solução.

Então Judá manda, no versículo 11, Tamar de volta para a casa de seus pais, prometendo que assim que o filho mais novo estivesse na idade de casar, ele a chamaria. Tamar então recebe a promessa de que poderia ter seu filho quando o cunhado mais novo atingisse idade, e volta à morar com seu pai

Porém, não nos parece que Judá estivesse disposto a arriscar a vida de mais um filho. Também não parece que Judá desejava dizer isso abertamente a Tamar, pois foi protelando o cumprimento da sua promessa mesmo quando seu terceiro filho tornou-se homem.

O tempo foi passando e ficou claro para Tamar que, se dependesse de Judá, ela estaria condenada a ser uma viúva sem filhos. Mas ela tinha direitos, e não abriu mão deles.

Depois da morte da sogra, conhecendo os hábitos do sogro, Ao perceber que a promessa não seria cumprida, ela cria um plano tão arriscado que coloca em jogo sua própria vida e honra, colocando em prática uma estratégia ousada: se fez passar por uma prostitua cultual. ..

Na época da tosquia das ovelhas, quando também havia em Canaã cultos que envolviam prostituição cultual, Tamar soube que Judá, agora viúvo, seguia para a cidade de Timna. Então ela, usando um véu, se disfarçou de prostituta cultual e ficou no caminho que Judá passaria.

Judá toma Tamar como uma prostituta cultual*, e não a reconhece, uma vez que era costume da época ter o rosto velado durante o ato sexual. Vendo-a, Judá lhe propôs deitar-se com ele em troca de um cabrito que mandaria buscar.

Tamar, sem ser reconhecida, pediu que Judá lhe entregasse seu selo, seu cordão e seu cajado como garantia do pagamento. Assim Judá se deitou com Tamar e ela ficou grávida. Quando Judá mandou que fosse entregue à moça o cabrito combinado, ela não foi mais encontrada.

Tamar havia pensado em todos os detalhes. Ela sabia que sua vida estaria em risco quando sua barriga começasse a crescer e os fofoqueiros de plantão (não se preocupe, eles são mais antigos que a profissão de prostituta) levassem a notícia a Judá.

Três meses depois, Judá soube que Tamar havia engravidado e ficou furioso diante do adultério da moça.

Como não havia exame de DNA na época, ela precisaria provar quem era o pai da criança, sem deixar sombra de dúvida. Ela então fica com alguns pertences de Judá, como penhor: o selo, o cordão e o cajado.

Quando a notícia chegou a Judá (v.24), sua reação foi a esperada: "Queimem a vagabunda!". Veja como a notícia chegou: "tua nora adulterou e eis que está grávida do adultério".

Cuidado com as notícias que você recebe! Eles nem se deram ao trabalho de saber quem era o pai ou se porventura ela havia sido violentada. O julgamento já havia sido dado – ela adulterou e ponto.

Pior ainda – eles nunca se importaram em interceder por Tamar junto a Judá para que ele lhe enviasse o filho menor. Eles estavam prontos para criticar, acusar mas não para ajudar. Infelizmente, o quadro hoje não é muito diferente…

Em sua sabedoria, Tamar espera o momento certo para "esfregar as provas na cara de Judá". E o reconhecimento de paternidade por parte dele, declarando ter sido ela mais justa que ele mesmo. Essa mulher admirável, que não aceitou abrir mão do que era seu por direito.

Após saber que sua nora havia engravidado, a notícia bombástica: ele era o pai da criança, ou melhor, das crianças gêmeas. Judá assume então a responsabilidade por seu pecado, e Tamar passa a ser uma mãe solteira.

Judá os reconheceu como sendo dele e imediatamente percebeu que o culpado disso era ele mesmo por não haver cumprido sua palavra de dar a Tamar por marido seu filho mais novo.

A vergonha de não ter filhos no antigo Oriente Médio era muito maior do que a de ser mãe solteira. Como os filhos eram de Judá, Tamar tinha direito aos benefícios de sua família, e até mesmo de parte da herança.

Que história horrível! Ela apresenta perversidades e engodos do princípio ao fim. Judá se afastou da sua família e se casou com uma mulher de um povo mau.

Er era perverso e com perversidade também agiu seu irmão Onã. Judá passou a enganar sistematicamente Tamar e recebeu da parte dela um golpe tremendamente enganoso. Onde iria parar essa história se ela fosse maior?

A verdade é que quando se busca viver distante de Deus, exemplos como esses são comuns. As pessoas buscam atender seus desejos. Pretendem cumprir todas as suas vontades. A felicidade parece vir da completa ausência de limites.

Mas em um dado momento essas situações se revelam grandes fontes de problemas e tristezas. O que parecia liberdade, se mostra como escravidão.

A Bíblia diz que todos nós vivíamos escravizados pelo pecado. O apóstolo Paulo diz: "Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros" (Tito 3.3).

Essa frase de Paulo age como um raio X da situação em que vive o homem longe de Deus. Superficialmente parece que ele "aproveita a vida", mas a radiografia revela o que há por trás da pretensa liberdade: escravidão e dependência dos prazeres.

Somente Cristo pode libertar o homem da busca vazia pela alegria passageira. O fato de Jesus ser Senhor daqueles que nele crêem é o fator que liberta o homem do pecado e das suas funestas conseqüências.

As Escrituras dizem: "Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna" (Romanos 6.22).

E você? Quer continuar escravo do seu desejo de liberdade ou ser de fato livre pela fé no Senhor Jesus? Creia nele como seu Salvador!

"Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (Romanos 8.36).

Terminamos este capítulo lendo a narrativa do nascimento de Perez, o primogênito. A luta desses gêmeos nos faz lembrar a história do nascimento de Jacó, quando agarrou o calcanhar do irmão ao nascer! Também pudera... da linhagem do primogênito nasceu o rei Davi e o Rei dos Reis!

PARENTESES: O que ocorreu no capítulo 38 foi uma tentativa do inimigo em fazer cessar a descendência da qual viria o Messias (Siló). O evangelho de Mateus inicia assim: Mateus 1:1-17
Interessante notar que Tamar está entre as três únicas mulheres que aparecem na genealogia de David e, por consequência, de Jesus. As outras, Raabe uma ex-prostitua e Rute, uma moabita.

Não abra mão daquilo que é seu por direito. Se você recebeu um sonho, uma promessa de Deus, não desanime, não deixe que as situações contrárias lhe façam desistir.

Mesmo que, à semelhança de Tamar, joguem a culpa do fracasso sobre você, não permita que isso lhe lance sobre o marasmo e a depressão. Conheça seus direitos. Faça-os valer. Deus lhe dará sabedoria e estratégia para conquistar aquilo que é seu por direito

Um comentário:

  1. Tamar é a primeira das cinco mulheres narradas na Genealogia de Jesus:Tamar,Raabe,Rute,Batseba e Maria mãe de Jesus,nem Sara,Rebeca e Lia,tiveram essa primazia de serem narradas pelo genealogista Mateus,embora elas também fazem parte da Genealogia de Jesus Cristo:Sara esposa de Abraão,mãe de Isaque,Rebeca esposa de Isaque mãe de Esaú e Jacó,Lia esposa de Jacó,mãe de Judá e de seus irmãos,outra mulher que também faz parte da Genealogia de Jesus Cristo era Princesa Maaca,mulher de Robão e mãe do Rei Abias,ela também não é citada,mas faz parte da Genealogia de Jesus,escrevi uma peça chamada Judá e Tamar.

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